Governo vai acompanhar a balança de serviços

Foto: Ciciro Back/O Estado

Ministro Furlan: sistema integrado de gestão.

O comércio exterior de serviços está crescendo mais do que o de produtos, tanto em exportações quanto em importações. No ano passado, o fluxo externo de mercadorias cresceu 20,5%, enquanto as trocas de serviços avançaram 35,1%, segundo dados apresentados anteontem em evento no Rio. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, disse que o governo pretende apoiar a atividade e comentou a criação do Siscoserv, sistema de acompanhamento das operações de comércio exterior similar ao Siscomex, mas voltado para serviços.

Atualmente, os dados da atividade são extraídos do balanço de pagamentos do Banco Central (BC). Com o novo sistema integrado de gestão das operações de serviços, o ministério pretende monitorar a atividade com maior detalhamento. Dentro de dois meses, o Ministério deverá começar a divulgar uma balança preliminar do segmento em colaboração com o BC, informou o secretário de Comércio e Serviços, Edson Lupatini.

Segundo o ministro, algumas possibilidades de apoio ao setor, que serão discutidas numa câmara a ser criada, são financiamento, redução de barreiras burocráticas e ?alguma coisa ligada à carga tributária?. Há enorme potencial para as empresas brasileiras no segmento de serviços, disse Furlan, citando os ramos de tecnologia da informação, engenharia, comunicações e turismo.

Em 2005, as exportações de serviços somaram US$ 15 bilhões, com avanço de 28,3% sobre o ano anterior. As importações, porém, tiveram expansão ainda maior, de 38,7%, para US$ 22,3 bilhões. Com isso, o déficit comercial no segmento de serviços saltou de US$ 4,6 bilhões em 2004 para US$ 7,3 bilhões no ano passado, com base em dados da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Câmbio

Sobre o recuo do superávit comercial de mercadorias em 2006, Furlan explicou que isso já era esperado desde o início do ano. ?Era natural que, com o crescimento do mercado interno, houvesse demanda maior por produtos importados. Mas as exportações continuam crescendo?, observou. Depois de cravar saldo de US$ 44,8 bilhões no ano passado, o saldo da balança este ano deverá ficar ao redor dos US$ 40 bilhões, conforme estimativa do ministério.

O ministro lembrou que, no início do governo Lula, a retomada do crescimento econômico apoiou-se no mercado externo. ?Naquele período emergencial, não poderíamos esperar o mercado interno?, argumentou, citando que a recomposição da renda levaria algum tempo, assim como a recuperação dos investimentos. Furlan lembrou que as discussões sobre a modernização da legislação do câmbio estão em curso e deverão ser anunciadas até o fim de julho.

Questionado se havia divergências com o Ministério da Fazenda quanto às discussões das novas regras, negou e disse que vem conversando com o ministro Guido Mantega. Furlan voltou a defender que não haverá perdas tributárias com as mudanças. Estuda-se deixar que os exportadores usem recursos das exportações, em dólar, para pagar importações de insumos ou dívidas no exterior. Isso evitaria custos financeiros com a internação dos recursos.

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