Governo reduz à metade estimativa do PIB agrícola

O governo confirmou as estimativas pessimistas da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e está prevendo um crescimento menor do setor este ano. O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, afirmou ontem que está reduzindo a estimativa de avanço do PIB agrícola de 6% para 3% em 2004. Nos últimos anos o avanço do PIB agrícola segurou o declinante resultado dos setores de indústria e serviços, impedindo um resultado ainda pior do PIB brasileiro.

Os principais motivos para esta mudança de expectativa, explicou o ministro, são o clima, que está afetando a safra, a queda do preço da soja no mercado internacional e a crise envolvendo embarques brasileiros do grão para a China. Esmagadoras chinesas estão barrando a entrada de soja brasileira, argumentando que os carregamentos têm sementes contaminadas. Os produtores brasileiros reclamam da postura do governo brasileiro e dizem que os chineses pressionam para derrubar o preço da commodity.

Rodrigues confirmou que o governo está preparando um decreto e novas normas técnicas do Ministério da Agricultura para estabelecer parâmetros de exportação, de forma a abrir negociações com o governo chinês e liberar a entrada do produto brasileiro naquele país. Segundo o ministro, a norma que deverá ser adotada pelo Brasil seguirá parâmetros internacionais:

“Deveremos usar o padrão que prevê a tolerância de 3 grãos ?contaminados? por quilo. Nossa norma deve ser ligeiramente mais rigorosa que a usada pelos Estados Unidos, por exemplo”, garantiu.

Subsídios

O ministro Rodrigues disse, ainda, que os subsídios dos países ricos ameaçam a distribuição de renda, a democracia nos países em desenvolvimento e a paz mundial. Rodrigues participou da abertura do seminário internacional Rio Trade Week, organizado pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), na sede do BNDES. O ministro destacou que o Brasil tem um papel fundamental nas discussões para o fim dos subsídios.

“O maior desafio do Século XXI é reduzir as diferenças entre ricos e pobres, e o comércio exterior é um dos principais instrumentos para isso. Os ricos hoje podem pagar para não produzir, os pobres têm de pagar para produzir. Essa distorção tem de acabar ou ser drasticamente reduzida”, disse Rodrigues.

Exportações do setor são recorde

Entre janeiro e maio deste ano as exportações do agronegócio brasileiro alcançaram a cifra de US$ 14,1 bilhões, 28% acima do valor exportado no mesmo período de 2003, que foi de US$ 11 bilhões. As despesas com importações no período foram de US$ 1,97 bilhão. Como conseqüência registrou-se um superávit de US$ 12,123 bilhões, quase 34% maior que o resultado alcançado nos primeiros cinco meses de 2003, que foi de US$ 9,054 bilhões.

Tanto o valor exportado quanto o superávit são recordes históricos para períodos de janeiro a maio. Nestes cinco meses os destaques das exportações por grupo de produtos foram: o complexo soja com 26,1%, que alcançou US$ 3,615 bilhões, contra US$ 2,867 bilhões em 2003; e carnes, com um crescimento de 55,4%, passando de US$ 1,275 bilhão para US$ 1,983 bilhão. Também apresentaram um crescimento importante nos valores acumulados do ano os seguintes grupos de produtos: madeira e suas obras (39,9%); cereais, farinhas e preparações (357%); açúcar e álcool (52,5%).

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