Governo pode vetar proposta irreal em leilões do pré-sal

O governo terá o poder de vetar propostas para os leilões do pré-sal que sejam consideradas “inexequíveis” do ponto de vista financeiro. A afirmação foi feita hoje pelo presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, em resposta a preocupações do mercado sobre a rentabilidade da empresa nos novos consórcios do pré-sal.

Como operadora única dos campos, a estatal terá de acompanhar as propostas de outras companhias interessadas em investir nos blocos que serão licitados. O mercado vê a medida como uma amarra à companhia, que teria de acompanhar mesmo propostas consideradas de baixa rentabilidade – em um exemplo extremo, para ganhar a licitação, um consórcio poderia propor entregar 99% do petróleo à Petro-Sal.

Segundo o diretor de exploração e produção da companhia, Guilherme Estrella, o risco de isso acontecer é pequeno, uma vez que as companhias estão acostumadas a trabalhar segundo as “melhores práticas de mercado”, que identificam, entre outras coisas, um limite ideal de rentabilidade.

Mas em caso de propostas muito agressivas, disseram os executivos da estatal, o Ministério de Minas e Energia ou a Agência Nacional do Petróleo (ANP) – dependendo de quem for o poder concedente – poderá vetar alguns concorrentes. Segundo Gabrielli, a ANP já tem hoje uma avaliação sobre a possibilidade de execução dos projetos.

Segundo o modelo proposto, a Petrobras terá um mínimo de 30% das áreas. O restante será concedido à empresa ou consórcio que se dispuser a entregar a maior parcela da produção à Petro-Sal, excluindo o ressarcimento dos custos de exploração e produção. A Petrobras terá que acompanhar o porcentual estabelecido pelo consórcio vencedor.

Gabrielli justificou a escolha pelo governo da Petrobras como operadora única para exploração das áreas do pré-sal em razão da larga experiência da companhia em atividades em águas profundas. “Foi a melhor opção para quem quer escolher a melhor”, afirmou.

O executivo lembrou que a Petrobras já é atualmente a maior operadora em águas profundas, com 23% do mercado mundial nesse segmento. “O segundo lugar tem apenas 14%”, lembrou. Além da ser a maior operadora, segundo ele, a estatal também tem larga experiência na operação de sistemas e de frotas utilizadas na exploração de petróleo em águas profundas por ter 45 das 255 plataformas flutuantes do mundo.