Governo não teme aumento de importações

O aumento de até 20% nas importações em 2004, comparado a 2003, não assusta o governo porque não prejudicará o balanço de pagamentos, afirmou ontem o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. Ele explicou que o governo trabalha para que, se as importações crescerem, ainda assim o País consiga um superávit expressivo na balança comercial, próximo a US$ 20 bilhões. ?Não teria nenhuma dificuldade de encarar um crescimento hipotético de 20% das importações. Isso não vai prejudicar o balanço de pagamentos?, disse.

O ministro explicou que a cada 1 ponto porcentual de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) as importações crescem cinco pontos porcentuais. ?Se estimarmos um crescimento de 4% do PIB em 2004, poderíamos ter aumento de 20% nas importações?, disse. ?Não temos medo de importações, até porque elas ajudam a morder o calcanhar de quem não é competitivo no mercado brasileiro, força a empresa a se modernizar.?

O superávit da balança comercial, disse o ministro, deverá ultrapassar a faixa de US$ 24 bilhões até o Natal. Até quinta-feira, o saldo acumulado em 2003 era de US$ 23,818 bilhões. O ministro, no entanto, não acredita que a marca de US$ 25 bilhões será alcançada. ?Isso só por um milagre de Natal?, comentou.

Furlan reforçou que não existe meta de superávit comercial para 2004. Ele disse, no entanto, que o governo trabalha com uma meta de crescimento das exportações para US$ 80 bilhões, o que representará uma expansão em torno de 11%.

A desvalorização do dólar frente ao euro favorecerá as exportações brasileiras. ?Essa desvalorização é boa porque as nossas exportações são referenciadas por dólar. No fundo, se olharmos o câmbio brasileiro em relação a uma cesta de moedas, tivemos desvalorização do real e o nosso produto fica mais competitivo?, disse Furlan em um café da manhã com jornalistas.

De acordo com o ministro, essa maior competitividade fica ainda mais nítida nas exportações em novos mercados, como os de países emergentes. O cenário do câmbio para 2004, ressaltou, não é preocupante. Pelos seus cálculos, uma variação do câmbio na faixa de 5% para cima ou para baixo está dentro do padrão aceitável.

Política

As diretrizes de política industrial do governo, divulgadas no início deste mês, demoraram a sair, reconheceu Furlan. ?Concordo que a política industrial veio tarde?, disse. ?Mas é melhor vir tarde e ser uma política de governo, do que ter vindo em janeiro e ser só do Ministério do Desenvolvimento e não ser aplicada, por falta de coordenação?, complementou.

De acordo com ele, demorou quase um ano para as diretrizes serem aprovadas, porque houve ?costura lateral e apoio do presidente da República, gestação com a Casa Civil, Fazenda, com participação do Planejamento, da Agricultura?. ?Isso nos dá uma consistência sólida de co-paternidade?, disse.

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