Governo Lula transforma o novo mínimo em novela

Brasília – A reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os ministros, para decidir o novo salário mínimo, terminou ontem depois das 21 horas, mas Lula e seus ministros saíram do encontro sem uma decisão sobre o reajuste. O Palácio Planalto garantiu que o novo valor do mínimo deve sair até amanhã.

Depois da reunião, Lula participou de jantar com parlamentares do PTB e, hoje, toma café da manhã com a bancada do PP. A reunião da noite de ontem com os ministros recomeçou após ser interrompida outra pela manhã, quando o presidente se reuniu por cerca de quatro horas com o mesmo grupo, mas sem uma definição. Alguns ministros, como Ricardo Berzoini (Trabalho) defendem um valor acima de R$ 260, a equipe econômica insiste neste valor.

Durante a tarde, após participar de uma solenidade no Palácio do Planalto, os ministros da Casa Civil, José Dirceu, e da Fazenda, Antônio Palocci, evitaram comentar o reajuste do salário mínimo. O ministro do Planejamento, Guido Mantega, aproveitou para acalmar o mercado e assegurou que o aumento não vai atrapalhar a política de equilíbrio fiscal das contas públicas. Mantega garantiu que o valor do mínimo não atrapalhará a meta de superávit primário do governo, estabelecido em 4,25% do Produto Interno Bruto. “O mercado não tem motivos para se preocupar porque tudo será feito dentro do equilíbrio fiscal”, afirmou.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luiz Marinho, disse que não acreditava em um anúncio do novo valor ainda ontem. Marinho conversou rapidamente com Lula e voltou a insistir em um valor superior a R$ 260. Participaram da segunda reunião os ministros José Dirceu (Casa Civil), Aldo Rebelo (Coordenação Política), Antônio Palocci (Fazenda), Guido Mantega (Planejamento) e Ricardo Berzoini (Trabalho).

O grande problema apresentado pela equipe econômica a Lula é que as despesas da União estão aumentando muito. A equipe teme o impacto de um aumento do salário mínimo acima de R$ 260 sobre a trajetória das despesas do governo federal que estão vinculadas ao seu valor, como é o caso de dois terços dos benefícios da Previdência Social, da Lei Orgânica de Assistência Social (Loas) e do seguro-desemprego. Mesmo sem aumentos reais significativos nos últimos anos para o salário mínimo, esses gastos vêm crescendo mais do que a economia do País. De 5,57% do Produto Interno Bruto (PIB) em 1995, devem pular para pelo menos 8,37% em 2004 ou 8,5% se o novo mínimo chegar a R$ 270.

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