Governo já cumpriu a meta fiscal do ano

A meta de economia para o pagamento de juros para todo o ano de 2005 foi cumprida já em agosto. O governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) teve um superávit primário (receitas menos despesas, excluindo os gastos com juros) de R$ 49,355 bilhões – equivalente a 3,92% do PIB (Produto Interno Bruto) -, um crescimento de 20,4% sobre o registrado no mesmo período do ano passado (R$ 40,981 bilhões) e acima da meta para o ano, que é de R$ 46,5 bilhões.

No entanto, o secretário do Tesouro, Joaquim Levy, diz que esse resultado irá convergir para a meta nos últimos meses do ano – a meta é que a economia fique equivalente a 2,38% do PIB. O forte resultado é conseqüência do desempenho econômico, que elevou a arrecadação.

?No ano, o resultado primário do governo central segue sendo impulsionado pelo comportamento das receitas associadas ao bom desempenho econômico do setor produtivo e ao comportamento do preço internacional do petróleo?, diz a nota divulgada hoje pelo Tesouro.

As receitas provenientes do IRPJ e da CSLL tiveram um crescimento de 28,9% do ano.

Entre janeiro e agosto, o Tesouro teve um superávit de R$ 71,353 bilhões, contra déficits de R$ 21,784 bilhões da Previdência e de R$ 213,6 milhões do BC.

No ano, o aumento da receita líquida e das despesas está praticamente no mesmo ritmo. Entre janeiro e agosto a receita líquida apresentou um incremento de 15,8%. Já as despesas (pagamento de benefícios, pessoal e custeio) cresceram 14,8%.

No entanto, o secretário destacou como ponto negativo os gastos da Previdência, que estão crescendo acima do PIB per capita. O PIB per capita neste ano deve ter um crescimento de 8%, enquanto as despesas da previdência crescem a um ritmo de 17% no ano.

?Para um país de inflação baixa, isso é extremamente significativo?, disse Levy.

Superávit em conta corrente será ainda maior

O Banco Central elevou a previsão de superávit na conta de transações correntes para este ano. Agora, a autoridade monetária espera um saldo positivo de US$ 9,4 bilhões em 2005, contra os US$ 4 bilhões previstos para o ano anteriormente. Essa conta representa as principais transações do País com o exterior na área comercial e na contratação de serviços e transferências de renda.

Até agosto, o superávit nas contas correntes acumula um saldo positivo de US$ 8,698 bilhões. Em 2004, foi de US$ 11,738 bilhões.

Esse aumento na projeção foi influenciado pela revisão feita nos dados sobre comércio exterior. O BC elevou a previsão de superávit comercial – saldo positivo entre exportações e importações – de US$ 30 bilhões para US$ 38 bilhões.

A expectativa de exportações subiu de US$ 108 bilhões para US$ 114 bilhões. Já a projeção de importações teve uma redução, passando de US$ 78 bilhões para US$ 76 bilhões.

A projeção para o balanço de pagamentos, que reflete as movimentações de recursos feitas com o exterior, sofreu apenas uma pequena alteração para baixo. O BC espera um superávit de US$ 6,1 bilhões, contra US$ 6 bilhões anteriormente. Até agosto, o superávit está em US$ 4,575 bilhões.

O balanço inclui o resultado das transações correntes mais a conta capital e financeira (que representam as operações financeiras do País com o exterior) e o ingresso de investimentos estrangeiros.

No caso dos investimentos estrangeiros, o BC manteve a projeção em US$ 16 bilhões, abaixo do registrado no ano passado, que foi de US$ 18,166 bilhões. No acumulado do ano até agosto, os investimentos no País somam US$ 11,744 bilhões.

Esses investimentos são importantes para sustentar a retomada do crescimento econômico. Eles ajudam a ampliar a capacidade das empresas de ofertarem bens e serviços. Com maior capacidade de produção, cai o risco de a inflação sair do controle.

Agosto

Em agosto, o superávit na conta de transações correntes foi de US$ 822 milhões.

O resultado foi influenciado principalmente pelo resultado do superávit comercial, que foi de US$ 3,671 bilhões. Esse resultado serviu para compensar o déficit de US$ 3,166 bilhões na conta de serviços e rendas. As transações unilaterais tiveram um saldo positivo US$ 317 milhões.Já o balanço de pagamentos teve um déficit de US$ 48 milhões no mês passado.

Captação externa em real é sinal de confiança

A captação externa em reais feita pelo governo nesta semana reflete a confiança dos investidores no País, segundo o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy. ?Mostra a confiança que o investidor tem no Brasil. A confiança na estabilidade de preços e o fato de estarmos fazendo um trabalho de convergência que cria as bases de crescimento?, disse.

Na segunda-feira, o Tesouro captou R$ 3,4 bilhões [equivalente a US$ 1,5 bilhão] em títulos da dívida externa. Foi a primeira captação do governo atrelada à moeda nacional. Para o secretário, é importante buscar formas mais baratas de financiamento da dívida.

?Nosso objetivo é que a gente possa trazer o investidor para o Brasil. Eu acho que a gente tem potencial para trazer o investidor a preços cada vez mais atraentes?, avalia.

Questionado se o Brasil irá receber o ?investment grade?, ele disse que isso depende da avaliação e do processo de análise das agências de risco internacionais. Hoje, o secretário viaja para os EUA, onde se encontrará com representantes das principais agências.

O ?investment grade? (grau de investimento) indica que os investidores assumem menor risco ao colocar dinheiro em determinado país ou empresa.

Segundo o secretário, certamente os investidores estão avaliando os avanços dos indicadores brasileiros.

?Há uma percepção no mercado desses avanços?, disse.

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