Governo dá sinais de que espera queda no juro

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, sinalizou para um possível corte de juros na reunião do Comitê de Política Monetária, que acontece hoje e amanhã. Durante a abertura de um congresso promovido pela Febraban, no domingo, o ministro pediu para que os bancos façam a sua parte no momento em que os juros caírem. Ontem, Palocci disse que o Copom vai tomar a decisão certa sobre a Selic nesta reunião. “Vamos deixar o Copom em paz, vamos aguardar”, disse.

Mesmo entre profissionais do mercado financeiro que eram contrários à redução dos juros até o mês passado, cresce a adesão ao coro pró-corte da taxa Selic na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) que começa hoje. A deflação no atacado, a apreciação do câmbio, o tombo da produção industrial – um ambiente que muitos qualificam de recessivo – são os argumentos mais ouvidos para justificar a mudança de posição.

Uma mudança ainda tímida. A maioria dos recém-convertidos à tese de que os juros já devem começar a cair não avançaria além da “cautelosa” redução de 0,5 ponto percentual da Selic.

“Há números que não eram muito claros em maio e agora são. A inflação de maio para cá mostrou queda mais forte. O nível de atividade está muito baixo e isso pesa na decisão do Banco Central”, diz Gustavo Loyola, ex-presidente do BC.

Se não cortar os juros básicos na quarta-feira, quando costuma ser divulgada a decisão do BC relativa à Selic, na reunião seguinte, em julho, a autoridade monetária deverá se confrontar com alta de índices de preços. Essa é a projeção de analistas, em razão de reajustes de contratos no período.

“Matar o defunto”

“É, porém, uma subida anunciada, a que o BC não deve prestar atenção. Seria ?matar o defunto?, se ater à inflação passada. Não há o que o Banco Central possa fazer em relação a isso”, afirma o ex-presidente do BC, para quem o País pode “entrar em recessão maior”. “Se ainda não estivermos em recessão, estamos com atividade econômica muito baixa.”

“Os sinais estão mais claros agora”, concorda Octavio de Barros, do BBV. “Uma ousadia responsável já permitiria o corte de juros.” Tal ousadia comportaria apenas redução de 0,5 ponto percentual da taxa, mesmo no atual “ambiente pré-recessivo – indicadores ainda não sugerem recessão. Mas acreditamos que o BC vá manter a taxa para ver a velocidade de queda da inflação e o recuo necessário à meta de 2004, apesar da alta de juro real”, conclui.

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