Em um movimento que tem gerado preocupação entre profissionais da imprensa, o Google iniciou testes de remoção de conteúdo jornalístico de seu sistema de busca na Europa. A ação, que afeta cerca de 2,6 milhões de pessoas em diversos países do continente, provocou uma reação imediata da comunidade jornalística.
Editores e jornalistas europeus divulgaram uma carta aberta criticando duramente a iniciativa do gigante da tecnologia. Segundo eles, o teste “representa uma séria ameaça à sustentabilidade financeira de uma imprensa livre, do jornalismo e da saúde das democracias europeias”.
A associação de editores da Europa questiona a transparência do Google no processo. “Acreditamos que esse teste é conduzido de má-fé. O Google não tem sido transparente nem aberto, recusando-se a compartilhar detalhes sobre o teste ou a garantir acesso aos seus resultados”, afirma o documento.
Os profissionais da imprensa temem que, ao definir seus próprios parâmetros de pesquisa e avaliar o próprio desempenho, o Google possa manipular os resultados para desvalorizar o papel econômico da imprensa e sua contribuição para o sucesso da empresa.
Na França, a experiência foi temporariamente suspensa pela autoridade de concorrência local, visando preservar as negociações entre o Google e as empresas jornalísticas sobre remuneração de conteúdo. O tema está em debate em todo o continente, impulsionado pela legislação de direitos autorais da União Europeia.
O teste do Google ocorre em um momento de tensão entre as big techs e as autoridades europeias. Recentemente, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, pediu ao presidente eleito dos EUA que impeça Bruxelas de multar as empresas de tecnologia americanas. Zuckerberg alegou que já pagou “mais de US$ 30 bilhões” em multas nas últimas duas décadas.
Enquanto isso, o Reino Unido também investiga o Google por motivos semelhantes, tendo desenvolvido uma nova lei concorrencial para supervisionar o domínio das gigantes da tecnologia.
A carta dos editores, assinada também por entidades de jornalistas e pela associação Repórteres sem Fronteiras, conclama o Google a assumir sua responsabilidade como empresa dominante na área de tecnologia, especialmente “em um momento de ampla interferência e manipulação de informações e da opinião pública”.
Até o momento, o Google não se manifestou sobre as críticas dos editores europeus. A situação continua sendo monitorada de perto pela comunidade jornalística e autoridades reguladoras, que buscam equilibrar inovação tecnológica e preservação da liberdade de imprensa.
