Gás mais barato anima consumidores do Estado

O anúncio de que o governo pretende reduzir em até R$ 10 o preço do botijão de gás, feito na última sexta-feira, animou os consumidores paranaenses. Para a grande maioria das famílias, que preparam as refeições em casa, qualquer redução no custo do gás de cozinha é bem-vinda e representa economia no orçamento doméstico. A Petrobras, que tem a maior parcela sobre o preço final do produto (cerca de 37%), anunciou que deve baixar o preço inicial do gás desde que os demais envolvidos na distribuição também contribuam para a redução. Mas comerciantes e distribuidores de gás, que estão na ponta final da cadeia e levam o produto até o consumidor, dizem que é impossível diminuir ainda mais a margem de lucro com que trabalham.

Proprietário de uma revenda de gás que tem quase dez anos no mercado, o comerciante Robson Angel Alves Carneiro diz que trabalha atualmente com uma margem de lucro de R$ 4,00 por botijão de gás de 13 quilos – o mais utilizado em residências. O botijão é vendido por R$ 28,00. “Seria impossível reduzir esse percentual (cerca de 15% de lucro). Eu teria que dispensar funcionários e não conseguiria fazer manutenção adequada dos veículos”, explicou o comerciante, que tem dez empregados. Por outro lado, disse Carneiro, se a Petrobras abaixar o preço do produto, o repasse ao consumidor será imediato. “A redução chegaria ao comprador no mesmo percentual que viesse para nós”, afirmou.

Concorrência

Atualmente, há pouca variação no preço do gás de cozinha em Curitiba. A maioria dos pontos de venda está praticando valores entre R$ 28,00 e R$ 30,00 (o preço mais alto é para entrega em domicílio). Uma pesquisa informal por telefone, em oito revendedores em diferentes bairros, constatou valores idênticos. De acordo com Carneiro, os valores são regidos pela lei da concorrência. “Se alguém resolve fazer uma promoção e vender a R$ 25,00, a gente tem que acompanhar e baixar também para não perder o cliente”, comentou.

A última pesquisa do Procon-PR sobre o produto, divulgada há um mês, apontava um único revendedor comercializando o botijão de 13 quilos a R$ 24,90 – o mais barato encontrado pelos pesquisadores. O preço mais alto, praticado em vários revendedores, era de R$ 29,00, para compra no local. A entrega em domicílio é sempre um pouco mais cara.

Carneiro comenta que muitos comerciantes abaixam o preço do gás de cozinha por alguns dias, praticando preços que dificilmente se sustentariam por mais de uma semana, apenas para chamar clientela. “Na maioria dos pontos de venda, principalmente distribuidoras de bebidas, o botijão de gás serve como chamariz. O consumidor vai atrás do gás barato e acaba comprando outros produtos”, disse. “Se eu fosse vender a preço muito baixo, ficaria sem lucro e acabaria quebrando.”

Contribuição

Para o coordenador do Procon-PR, Algaci Túlio, todos poderiam contribuir para reduzir o preço do gás – desde a Petrobras até os comerciantes finais. “Mesmo que não chegasse a R$ 10 como quer o governo. Se baixasse R$ 8, já seria excelente, principalmente para as famílias de baixa renda”, observou. De acordo com Túlio, os pequenos comerciantes não têm praticamente custo nenhum com o produto e poderiam reduzir sua margem de lucro.

No Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo IBGE, o gás de cozinha representa 3% do índice final. Já no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), também do IBGE, o peso do gás de cozinha é de 1,75%. Desde o início do Plano Real, em julho de 1994, até abril de 2003, o preço do gás de cozinha subiu 502,27%, enquanto a variação do IPC no mesmo período foi de 131,70%.

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