Fundos de risco apostam na Petrobras

Fundos de risco de Wall Street aumentaram as apostas na Petrobras, em meio aos preços baixos das ações da empresa brasileira, que já caíram mais de 70% desde setembro do ano passado. Apesar das dúvidas sobre os impactos da Operação Lava Jato e da falta de um balanço auditado da petroleira, alguns fundos elevaram em mais de 1.000% o volume de ações da companhia em suas carteiras no último trimestre, de acordo com dados enviados pelos gestores para a Securities and Exchange Commission (SEC, que regula o mercado de capitais dos EUA).

Dos 20 fundos de hedge que mais investem em Petrobras, 11 aumentaram posições no último trimestre de 2014, dois reduziram o volume de ações da empresa e o restante manteve as apostas, segundo o site especializado em monitorar estas aplicações InsiderMonkey, que faz os cálculos com base nos dados da SEC. A gestora Renaissance Technologies, que administra US$ 22 bilhões em ativos, aumentou em 1.614% a exposição de um de seus fundos na Petrobras, de 575 mil ações para 9,8 milhões. Em outra carteira, o volume comprado cresceu 715%, para 6,6 milhões de papéis.

Na Millennium Management, com US$ 27 bilhões em ativos, as compras de ações da Petrobras cresceram 1.519%, para 4 milhões de papéis. Na Discovery Capital Management, que administra US$ 15 bilhões, o aumento foi de 509%. Pelas regras dos Estados Unidos, os fundos precisam informar à SEC a cada trimestre como estão suas carteiras no fechamento do período, com a quantidade de ações e as empresas em que investem. Os dados são enviados com uma defasagem, por isso só agora estão saindo os números do quarto trimestre de 2014.

O Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, procurou as gestoras de recursos em Wall Street que investem em Petrobras, mas a justificativa oficial é que elas não comentam estratégias de investimento. O gestor de uma delas destacou, com a condição de que seu nome e da empresa não fossem divulgados, que apesar das muitas dúvidas e incertezas sobre a Petrobras, os preços dos American Depositary Receipts (ADRs), recibos que representam ações da Petrobras e são negociados na Bolsa de Nova York (NYSE), caíram para o menor nível desde 2002. Por isso passaram a ser uma “pechincha”, segundo ele. O ADR, que já foi negociado a mais de US$ 100 na época da descoberta das reservas do pré-sal, operava nesta sexta-feira, 13, ao redor de US$ 5.

Para o analista de petróleo do banco BBVA em Nova York, Jose Bernal, enquanto o balanço auditado não for divulgado e as perdas contábeis com o esquema de corrupção não ficarem claras, a situação vai seguir complicada para a Petrobras. Possibilidade de novos rebaixamentos de rating, ameaça de pedidos de antecipação de pagamentos por credores e risco de default vão ficar no cenário. Com isso, os papéis da empresa devem seguir pressionados.

Soros

Entre os fundos que venderam Petrobras no último trimestre, está o do megainvestidor George Soros, que reduziu em 54% suas apostas em papéis da empresa. A redução ocorre depois que ele foi na contramão de Wall Street no terceiro trimestre de 2014 e aumentou as compras de papéis da empresa brasileira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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