Funcionários de Jirau e Santo Antônio decretam greve

Os funcionários do canteiro de obras das hidrelétricas Jirau e Santo Antônio, do Rio Madeira, decretaram ontem greve por tempo indeterminado, paralisando a construção das usinas. Está marcada para amanhã uma reunião, intermediada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, entre os representantes do sindicato patronal e do sindicato dos trabalhadores para discutir a pauta de reivindicações dos funcionários. “Conforme a evolução das negociações, a greve pode acabar na sexta-feira. Mas é pouco provável que isso venha a ocorrer”, disse o administrador do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil do Estado de Rondônia (Sticcero), Anderson Machado, que estima que entre 8 mil e 9 mil funcionários dos dois projetos estão parados neste momento.

Segundo Machado, os funcionários pleiteiam a elaboração de uma nova convenção trabalhista, que divide a atividade da construção civil em Rondônia em quatro categorias. O objetivo é estabelecer um detalhamento maior das funções, fixando novos pisos salariais. “Hoje, o piso salarial varia entre R$ 540 e R$ 691, este último para o cargo mais especializado. De início, buscamos um piso de R$ 750”, disse.

Além disso, o sindicato reivindica um reajuste salarial de 10% e a concessão de benefícios aos funcionários, tais como assistências médica e odontológica e o direito de visita a parentes que moram em outros Estados. Os trabalhadores também exigem melhores condições de trabalho. Machado disse que uma das principais reclamações é de assédio moral e de falta de segurança no transporte até as usinas.

O presidente do Sindicato da Construção Pesada do Estado de Rondônia (Sinicon), Renato Lima, afirmou que a entidade entrará hoje com uma ação na Justiça para questionar a legalidade da greve e para validar o dissídio dos trabalhadores. Lima explicou que todos os funcionários já receberam um reajuste salarial de 8% em maio deste ano. “Já um houve reajuste de 8% e agora eles buscam um novo aumento de 50%, que na condição atual de crise econômica é impossível de ser concedido”, afirmou. O Sinicon representa as concessionárias Santo Antônio Energia (Santo Antônio) e Energia Sustentável do Brasil (Jirau) nas discussões.

Enquanto as obras não são retomadas, Lima disse que as concessionárias contabilizam, cada uma, um prejuízo de R$ 500 mil por dia, valor que não foi confirmado oficialmente pelas empresas. As duas hidrelétricas do Rio Madeira somam 6,45 mil megawatts (MW) de potência e estão previstas para iniciar operação entre o fim de 2011 e início de 2012. Além do prejuízo financeiro, preocupa as empresas um possível atraso no cronograma dos projetos. As concessionárias contam com a antecipação da entrada em operação das usinas para ampliar as taxas de retorno.