Fumicultores querem prorrogação de contratos

A Câmara Setorial do Fumo, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, estará analisando, na próxima terça-feira, 17, em Brasília, o pedido dos produtores de reajuste para o produto. Eles querem receber no mínimo R$ 6,00 pelo quilo do produto – valor semelhante ao praticado no ano passado, mas a indústria firmou pé e oferece em média R$ 4,08 pelo quilo. O impasse provocou a retenção, pelos produtores, do fumo nos galpões como forma de valorizá-lo e, com isso, tentar melhorar a negociação. Eles querem a retomada das negociações e a prorrogação, por 90 dias, dos contratos de crédito de custeio e investimento junto aos bancos financiadores.

Menos de 10% do fumo produzido nesta safra foi comercializado até o momento. Para essa época, o normal seria que entre 20 e 25% do produto já estivesse sendo entregue e processado. Diante do impasse, paira sobre os fumicultores familiares a ameaça do vencimento, nos meses de maio, junho e julho, das parcelas de crédito para custeio e investimento na produção.

Esse crédito é intermediado pelas indústrias, que têm status de avalistas dos contratos dos produtores.

Queda-de-braço

Segundo os produtores, as indústrias estão divulgando que, se eles não entregarem o fumo logo, correrão o risco de pagar mais caro pelos financiamentos, pois ficarão no final de uma fila, organizada pelas próprias empresas, de ordem de entrega dos produtos e isso atrasaria a quitação dos créditos tomados. Também justificam o preço baixo proposto aos fumicultores na expectativa de previsão de uma supersafra (mais de 800 mil toneladas) de fumo no Brasil para este ano. Para a pesquisadora do Departamento de Estudos Sócio-Econômicos Rurais (Deser), Marilza Aparecida Biolchi, “não há justificativa para a queda dos preços, pois os estoques internacionais do produto estão baixos e esta safra mundial de fumo deverá ser ainda menor, de acordo com previsões do USDA (Departamento de Agricultura do governo americano) e da FAO (organismo das Nações Unidas voltado para a alimentação e o abastecimento no mundo).

Descontentes, os fumicultores participam de assembléias locais e regionais no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná. “Mantemos firme a previsão de realizar grandes mobilizações, nas principais regiões produtoras de fumo dos três estados, nos dias 26 e 27 de fevereiro, para pressionar uma busca de solução a esse impasse”, comenta o coordenador de Formação da Fetraf-Sul/CUT, Marcos Rochinski.

A região Sul, que responde por 95% da produção nacional de fumo, possui cerca de 180 mil famílias nessa atividade produtiva. Desse total, a metade está concentrada no Rio Grande do Sul, que abriga também o principal parque industrial de beneficiamento de fumo nos municípios de Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires e Vera Cruz.

“Queremos que o reajuste nesta safra seja de, pelo menos, 53,3%, a fim de cobrir a elevação dos custos de produção. Isso significa receber, no mínimo, R$ 6,00 em média pelo quilo do fumo”, reafirma Marcos Rochinski.

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