Fritsch afirma ser seguro o consumo do salmão cru

São Paulo – O ministro José Fritsch, da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, afirmou ontem que não houve confirmação de qualquer contaminação em salmões importados do Chile com a doença difilobotríase. E acrescentou que é seguro o consumo do salmão cru, ao abrir a feira e congresso Seafood Expo Latin America, no Expo Center Norte. Fritsch considerou que a divulgação à população foi feita de forma precipitada, antes de uma apuração mais detalhada dos fatos, o que causou prejuízos aos consumidores e aos restaurantes. ?Eu sugeri ao presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e ao ministro da Agricultura que é preciso, primeiro, fazer uma reunião entre os órgãos estaduais e federais para, a partir de uma análise distanciada do problema, poder identificar qual é a gravidade da situação?, disse.

Segundo o ministro José Fritsch, não houve confirmação de que os 27 casos da doença difilobotríase registrados no Brasil tenham ocorrido pelo consumo de salmão cru. Ele ressaltou que, desde o início, o que se teve foi a identificação de pessoas contaminadas a partir de exames de fezes e não do agente causador, o parasita Diphyllobothrium spp, no salmão. E citou exames feitos pela Anvisa: ?O resultado da semana passada mostrou que nenhuma prova até agora apareceu, em todas as análises de carne de peixe feitas no Brasil, da existência desse parasita. Então, do ponto de vista de laboratório, nós também estamos garantidos?.

O ministro destacou, em sua fala, a improbabilidade de uma epidemia por evidências estatísticas, de 27 casos registrados em uma população consumidora estimada em 1 milhão de pessoas na Grande São Paulo. ?O Brasil importa cerca de 10 mil toneladas de salmão do Chile, sendo que 90% importados frescos. O estado de São Paulo é o maior consumidor de salmão do Brasil. E aqui, na capital e no entorno, consome-se metade do salmão cru consumido no Brasil. Vamos supor que entre 4 mil e 5 mil toneladas sejam consumidas aqui na grande São Paulo. O resultado da investigação do setor sanitário identificou 27 casos no período de um ano. (…) Como é que pode 27 casos durante um ano? Aqui existem mais de 1 milhão de consumidores (…).? A difilobotríase é uma forma de teníase, verminose adquirida por contaminação a partir de peixes hospedeiros. As espécies de tênia mais conhecidas no Brasil são as que também podem ser adquiridas pelo consumo da carne de gado e suínos. O verme fica na forma de um pequeno ovo na carne do animal hospedeiro.

Aumentam casos de infecção em São Paulo

São Paulo – Ontem, o ministro José Fritsch (Pesca) e os restaurantes de comida japonesa se lançaram em novas ofensivas para tentar provar que o salmão consumido no Brasil não transmite nenhum tipo de doença. Enquanto isso, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo divulgou dados mostrando que o surto de infecção intestinal decorrente do consumo de salmão no Estado ainda não foi controlado.

Nos últimos dois meses, segundo a secretaria, mais 14 pessoas contraíram difilobotríase na capital (11), em Ribeirão Preto (1), em Santos (1) e em Campinas (1). Todas começaram a passar mal após comer salmão. Desde março de 2004, a doença atingiu 42 pessoas no Estado.

Os restaurantes de comida japonesa de São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Curitiba, tentando reverter a fuga de clientes (o salmão cru é ingrediente básico do sushi e do sashimi), anunciaram a criação de um selo que atestará que o salmão servido por eles não transmite a difilobotríase. Ganharão o selo os estabelecimentos que adotarem certas normas de higiene, sendo a principal delas a compra do peixe previamente congelado. Os locais serão regularmente inspecionados.

Causada pelo parasita Diphyllobothrium spp, a difilobotríase tem como principais sintomas vômito, diarréia e anemia. O homem é contaminado quando come peixe cru com o parasita. Ele, porém, não sobrevive a baixas temperaturas, daí a preocupação com o congelamento.

O governo brasileiro cogitou proibir a importação de salmão do Chile e baixar uma norma obrigando os importadores a comprá-lo somente congelado, mas não levou as idéias adiante. O ministro Fritsch disse ontem que o consumo de salmão cru é seguro e pôs a culpa numa ?armação internacional? contra o Chile.

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