Finados

Floriculturas apostam nas vendas durante o feriado

Faltando poucos dias para o Finados, o comércio de flores e de velas já se prepara para o aumento de vendas. Nas floriculturas, principalmente aquelas próximas aos cemitérios, o trabalho costuma ser de duas a três vezes maior nessa semana na comparação com outros dias do ano.

Tamanha dedicação compensa: em alguns estabelecimentos, as vendas que se concentram no Finados correspondem a um mês inteiro de trabalho. Ou seja, é o “13.º salário do setor”.

“Sem dúvida esta é a melhor época de vendas no ano”, confirma Diomar Araújo, dono da Chalé das Flores, localizada próximo ao Cemitério Municipal São Francisco de Paula, em Curitiba. Segundo ele, o número de vendas de flores em vaso deve ser maior este ano na comparação com flores em maço, por conta dos focos de dengue.

Para o Finados, ele comprou cerca de cem caixas de crisântemos, com seis vasos cada uma – totalizando cerca de 600 vasos. Cada um deles é vendido por R$ 7. “Crisântemo é a flor que mais sai nessa época do ano, porque é a que mais resiste ao sol, ao vento”, explicou.

Lucimar do Carmo
Diomar Araújo: “Sem dúvida esta é a melhor época do ano”.

Por outro lado, a floricultura reduziu o pedido de flores de corte – para ser colocada em vasos com água – de 150 pacotes (com cinco maços cada) no Finados do ano passado para 80 este ano.

Cada maço é vendido por R$ 5. Além do crisântemo, outras variedades procuradas nesta época do ano, segundo Araújo, são palmas – que custam R$ 20 a dúzia – e rosas – R$ 15 a dúzia. As maiores vendas devem se concentrar no sábado e domingo.

Outra floricultura que reduziu o número de flores em maço este ano é a Estrela Dalva – eram 80 no ano passado; este ano, serão 40. “Desta vez a gente deve vender mais vasos. No ano passado, colocamos à venda cerca de 600; este ano, vamos colocar 700”, contou Deodete Ferreira da Silva, uma das proprietárias.

Segundo ela, independentemente do dia em que o Finados cai – no fim de semana ou não -, as vendas são sempre boas. “Por mais que as pessoas viajem, elas vêm um ou dois dias antes”, disse. Segundo Deodete, as vendas que se concentram no Finados correspondem a um mês inteiro de trabalho.

Proprietária da Flora Leonilda há cinqüenta anos, Leonilda Raquel Novakoski conta que as vendas de flores diminuem a cada ano – culpa da grande concorrência. “Antes, eram vinte pessoas para amarrar as flores. Havia apenas cinco floriculturas em toda Curitiba; hoje são seis apenas nesta rua e quase 500 em Curitiba”, diz a proprietária.

Além dos tradicionais crisântemos, ela conta que flores como rosas, cravo e antúrio também têm grande procura nesta época do ano – todas elas são vendidas por unidade, R$ 2 no caso da rosa e do antúrio.

“Tem gente que não pode comprar uma dúzia de flores”, explicou. Para o Finados, a floricultura deve contratar três ou quatro pessoas para ajudar nas vendas. Em outros dias do ano, apenas a família trabalha no local.

Concorrência desleal

Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Flores e Plantas de Curitiba e Região (Sindiplantas), Francisco Macedo Machado, é difícil prever o aumento de vendas para o Finados.

A culpa é das redes de supermercados que, segundo Machado, vendem flores com preços abaixo do custo. “É uma concorrência desleal, que começou há cerca de 12 anos mas piorou muito nos últimos tempos. Está muito complicado”, diz.

Segundo ele, a entidade já prepara ação para ingressar na Justiça, pedindo que os supermercados sejam impedidos de comercializar flores. &ld,quo;Eles vendem de tudo. A gente, apenas flores. Isso é desleal”. Em Curitiba e região, há cerca de 700 floriculturas, conforme dados do sindicato.

Aumento da produção é grande nessa época

“O Finados é para a indústria de velas, assim como a Páscoa é para a fábrica de chocolates”. A afirmação é de José Wlodkovski, sócio-gerente da Guanabara Indústria Química, maior fábrica de velas do Brasil e da América Latina, com sede em Curitiba. Segundo Wlodkovski, mais de 90% das velas produzidas para o Finados já seguiram para os atacadistas e redes de supermercados.

“Só falta entregar alguma coisa local”, disse. De acordo com Wlodkovsk, a produção mensal de velas passa de 300 a 350 toneladas para aproximadamente 800, com a chegada do Finados. Na média dos 12 meses do ano, a fábrica produz cerca de 500 toneladas de velas por mês – quantidade que, segundo Wlodkovsk, já foi maior. “A religiosidade do povo anda em baixa”, comentou.

Segundo ele, de três anos para cá, quando “detonou a crise do petróleo”, os preços da vela subiram e o consumo diminuiu. Só este ano, o preço da matéria-prima – parafina, derivado de petróleo – já subiu 60%. Para novembro, está previsto novo aumento, agora de 18%.

“Até setembro, era o preço internacional que estava em alta. Agora, o preço até caiu um pouco, mas a questão é que o dólar subiu. E a Petrobras já avisou que vai repassar o aumento”.

Apesar disso, Wlodkovsk acredita que a produção de velas para o Finados deste ano tenha crescido entre 3% e 5% na comparação com o mesmo período do ano passado. “Houve uma expansão de clientes”, explicou. A produção para o Finados começou na segunda metade de agosto e está terminando no final de outubro.

Foram contratados dez funcionários temporários, que deverão ser dispensados. “Estendemos o horário, trabalhamos aos sábados. Com isso, a capacidade ociosa que é de 30% no ano passou a zero”, explicou Wlodkovsk. A Guanabara tem matriz em Curitiba e duas filiais, uma em São José dos Pinhais e outra em Salvador (BA). Só no Paraná, são 170 funcionários.