FGV: reajustes salariais e preços ao consumidor contribuem para alta do IGP-10

Apesar do alívio nos preços do atacado, reajustes salariais na construção civil e a pressão de preços no varejo explicam o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) acima das expectativas, diz o superintendente adjunto de Inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Em junho, o índice subiu 0,57%, ante 0,52% em maio.

O Índice Nacional da Construção Civil (INCC) sofreu impacto do início dos reajustes em salários da categoria em São Paulo e no Rio, onde houve atraso nas negociações. O resultado foi uma alta de 2,30% no custo da mão de obra, bem acima dos 0,06% do mês anterior. Segundo Quadros, esse efeito ainda será sentido nos Índices Gerais de Preços (IGPs) de julho e até de agosto.

No caso dos preços ao consumidor, há pressão do lado de preços administrados e dos alimentos. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC-10), que mede a inflação no varejo, variou 0,80% em junho, ante 0,57% em maio. Houve alta em seis de oito classes de despesas. Um aumento pontual do jogo lotérico (38,39%) impulsionou os preços no grupo Despesas Diversas (de 0,61% para 4,35%). A trajetória dos alimentos continua preocupando, com a alta de preços de alimentos in natura, como cebola (39,14%) e tomate (12,13%), e itens como a carne bovina (2,28%) ainda sofrendo com o repasse defasado da alta do dólar.

“O IPC ainda sofre efeitos residuais da desvalorização cambial, aumentos tardios. Provavelmente é o último capítulo do repasse”, diz Quadros.

O economista alerta que os preços administrados continuarão avançando no segundo semestre, com destaque para tarifas de água e esgoto – que subiram 2,15% no IGP-10 de junho – e a conta de luz. “Ainda há previsão de reajustes desses preços (administrados), sobretudo na energia elétrica, há aumentos previstos para São Paulo e Rio. Na tarifa de água e esgoto o efeito será crescente. É sinal de que os IPCs vão estar carregados ao longo do mês”, afirma Quadros.

A inflação no atacado, por sua vez, já sente alívio com a dissipação dos efeitos da desvalorização cambial especialmente sobre os bens intermediários. O IPA-10 variou 0,34% em junho, após atingir 0,63% no mês de maio. Apesar disso, Quadros aponta que há sinais de que a desaceleração nos preços do atacado não deve perdurar. Os preços das matérias-primas brutas, por exemplo, estão com taxas menos negativas: em junho houve recuo de 0,11%, menor que o do mês anterior (-0,27%). Depois de ficar 4,23% mais barata no mês passado, a soja teve seu preço reduzido em apenas 1,39% no IGP-10 de junho. Segundo Quadros, isso reflete uma diminuição em seu ritmo de comercialização e deve inflar os preços pelo peso do produto.

“Nas próximas apurações (dos IGPs) vamos ver o INCC mais forte, o IPC mais forte ou muito parecido com o de junho e, no caso do IPA, a desaceleração deve começar a perder força por esse movimento das matérias-primas brutas”, diz.

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