FGV: menor confiança do comércio mostra desaceleração

A menor confiança em relação ao momento atual do comércio deve se confirmar em um crescimento mais baixo das vendas no varejo em 2013 do que no ano anterior. Mas, ao mesmo tempo, os empresários do setor se mostram mais confiantes em relação aos próximos meses, e isso pode até ajudar em uma recuperação, ainda que pequena, nas vendas.

“O otimismo tende a gerar posturas indutoras de crescimento. Isso significa que, na dúvida, o empresário do comércio toma uma decisão favorável em termos de contratação e investimento”, analisou o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da Fundação Getulio Vargas (FGV), Aloisio Campelo. “Mas isso ainda é no terreno psicológico, ou seja, não é certo que o setor vá acelerar. Embora essa expectativa tenha aspectos objetivos, como a análise que ele faz da realidade, da própria confiança do consumidor”, pondera.

As incertezas que permeiam a confiança dos empresários, não só do comércio, também dificultam a transposição dessa expectativa favorável para dados quantitativos. “Se olharmos todas as sondagens empresariais, os resultados nos últimos meses têm se mostrado voláteis e heterogêneos, mostrando sintomas de incerteza”, observou Campelo.

A confiança do setor do comércio caiu 1,6% no trimestre até janeiro em relação a igual período do ano anterior, o que representa leve melhora em relação ao quarto trimestre de 2013, que registrou, na mesma base, queda de 3,0%. “Foi uma melhora influenciada pelo atacado e pelas expectativas”, disse Campelo.

O atacado, porém, tem mostrado comportamento distinto dos setores mais tradicionais do varejo (o restrito e o ampliado, que inclui veículos e material de construção). “A melhora que tínhamos observado no varejo na virada do terceiro para o quarto trimestre parece ser sentida só agora pelo atacado.”

Além disso, essa evolução favorável, no sentido de diminuir o ritmo de queda, também precisa ser tomada com cautela, segundo o superintendente. “De modo geral, o índice continua inferior ao ano passado.” Foi a 12ª vez em que o Índice de Confiança do Comércio (Icom) ficou abaixo do que em igual período do ano anterior, refletindo a desaceleração na atividade.