em 20 anos

Exportações do Paraná para o Mercosul quadruplicaram

O Paraná se beneficiou muito com a criação e o desenvolvimento do Mercosul, que completa neste sábado (26) 20 anos de existência. Em 1990, antes da implantação do bloco, as exportações paranaenses para Argentina, Paraguai e Uruguai representavam 4% do total vendido ao exterior pelo Estado. Em 2010, este volume atingiu 15,7%, mas já chegou a 20%, segundo o diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Gilmar Lourenço. “O Mercosul teve uma grande importância para o Brasil e para o Paraná pela intensificação do comércio entre os países do bloco, especialmente entre Brasil e Argentina”, explica.

Neste mesmo período, o Brasil também oscilou quanto à participação do Mercosul nas exportações. Em 1991, as vendas para os países que formam o bloco representavam 6% do total exportado; em 2010, 11%. Mas em 1997 o percentual chegou a 18%.

Para o professor Carlos Magno Andrioli Bittencourt, coordenador dos cursos tecnólogos da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), “querendo ou não” o Brasil tem a supremacia no continente. Isto faz com que os países vizinhos ainda pensem em barreiras para determinados produtos. Ou passam a espernear para conseguir uma negociação ou tentar impor a defesa de seu próprio mercado interno.

Em dezembro do ano passado, durante a Cúpula de Presidentes do Mercosul, realizada em Foz do Iguaçu, a Argentina reclamou das toalhas brasileiras. Para o país vizinho, os fabricantes do Brasil estavam vendendo o produto 70% mais barato do que as indústrias argentinas. Houve ameaça de restrições.

Lourenço lembra do episódio da “guerra das geladeiras”, de 2004, quando o presidente argentino Néstor Kirchner estabeleceu, unilateralmente, restrições para produtos de linha branca fabricados no Brasil. “Antes, em 1999, o Brasil, também sem acordo, decidiu transformar o regime cambial de fixo para flutuante e isto afetou diretamente a Argentina, que criou barreiras para produtos brasileiros”, ressalta.

Os resultados do Mercosul poderiam ser bem melhores caso Brasil e Argentina adotassem políticas econômicas mais próximas. As exportações brasileiras para os países do Mercosul poderiam hoje estar em 30%. O bloco poderia ser o principal comprador dos produtos brasileiros. “Houve muita divergência ao longo dos anos, com as atitudes dos dois países que até contrariavam os próprios princípios do bloco. O principal problema foram as medidas antagônicas”, classifica o presidente do Ipardes.

Mas o Mercosul trouxe avanços no comércio entre os países. Entre os avanços destacados por Bittencourt está o fim da cobrança dupla da Tarifa Externa Comum (TEC) no Mercosul, em agosto de 2010. A partir de janeiro de 2012, a tarifa será aplicada apenas na origem de produtos já acabados nos países de saída. Atualmente, os produtos são tributados no momento da exportação e quando chegam no país de destino. De acordo com o professor, todo o processo de exportação e importação também foi fortalecido durante os 20 anos de Mercosul.

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