Exigências dos EUA dificultam acordo no BID

Uma lista de 13 exigências apresentada pelos Estados Unidos durante as negociações sobre o novo aumento de capital do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) causou forte controvérsia na 51ª Reunião Anual de Governadores da instituição, que acontece no balneário mexicano de Cancún. Em meio às condições impostas pela delegação norte-americana, um detalhe provocou rejeição praticamente unânime entre os demais participantes: a recusa dos EUA em apoiar a recapitalização do BID, se suas exigências não forem aceitas integralmente.

Em conversa com jornalistas na noite de sábado, em Cancún, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, chefe da delegação brasileira no BID, afirmou que seis dessas condições já estão inclusive atendidas e que cinco poderiam ser negociadas sem muitos problemas. No entanto, duas das 13 condições e um subitem presente em uma delas alimentaram o debate do sábado.

Uma delas é que para os países que ainda não têm um acordo de metas macroeconômicas com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o economista-chefe do BID estabeleça essas metas e o país seja obrigado a cumpri-las para obter empréstimos, relatou Bernardo. O ministro argumenta que esse não é o papel do BID, banco destinado principalmente a projetos de fomento.

Outro ponto polêmico das exigências norte-americanas é levar para o âmbito do BID a chamada “emenda Pelosi”, que leva o sobrenome da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi. A emenda determina que todos os representantes de Washington em instituições multilaterais votem contra projetos que não cumpram determinadas exigências ambientais. “Esse é um problema interno dos Estados Unidos.

A proposta deles é incluir isso no regimento do BID. Não há motivo”, defendeu Bernardo.

Os EUA exigem ainda a criação de comitês com autonomia para vetar projetos antes de sua votação pela direção do BID, o que na opinião de Bernardo “transformaria o comitê numa instância mais importante que o conselho”.

Paulo Bernardo diz que se reuniu com a delegação norte-americana no BID e percebeu uma postura mais flexível do que a esperada. Segundo ele, um grupo de representantes deveria passar a madrugada negociando para que uma proposta de acordo fosse apresentada neste domingo. Sem isso, afirma Bernardo, corre-se o risco de chegar a segunda-feira e não haver uma posição de consenso para a votação final, prevista para a manhã de terça-feira.

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