Estudo do FMI vê recessão longa e recuperação lenta

Um estudo realizado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a economia mundial, em antecipação ao Encontro de Primavera neste mês em Washington, indica que “a recessão atual provavelmente será longa e severa” e a “recuperação provavelmente será letárgica”. O prognóstico faz parte de capítulo analítico do relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, na sigla em inglês), intitulado “Da recessão à recuperação: quão logo e quão forte?”

A divulgação não contém as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) das diversas economias mundiais, que serão reveladas durante o encontro, no fim do mês. No estudo, os economistas do FMI citam que a recessão atual reúne a rara combinação de tremores financeiro e econômico. Ainda, “a turbulência recente combina crise financeira no coração da maior economia do mundo com declínio global”.

Na tentativa de compreender “o declínio mais profundo da economia mundial desde a Segunda Guerra”, como reitera o economista-sênior do Departamento de Pesquisa do FMI e coordenador do estudo, Alasdair Scott, o documento do FMI analisou padrões associados a recessões mundiais do passado, olhando para episódios tanto de crises financeiras quanto de declínios econômicos sincronizados – que são aqueles em que dez ou mais das 21 economias avançadas estudadas pelo Fundo registram recessão simultaneamente.

No último trimestre de 2008, o FMI estima que 15 economias avançadas já estavam em recessão. Para o Fundo, não é surpresa que muitos comparem a crise corrente com a Grande Depressão, uma vez que a ocorrência atual é a mais profunda e longa desde a ocorrida na década de 1930. “A extraordinária intensificação da crise desde o colapso do banco Lehman Brothers em setembro (2008) levantou o espectro de outra Grande Depressão”, afirma o FMI.

Neste estudo, foram analisados os ciclos econômicos em 21 economias avançadas da década de 1960 até hoje, com exceção da recessão corrente. Desde então, os economistas identificaram 122 recessões, sendo que apenas 15 estão ligadas diretamente a crises financeiras. Deste número, a constatação final foi que apenas três episódios são de recessões que têm características sincronizadas em escala global: 1975, 1980 e 1992.

O FMI verificou que as recessões sincronizadas duram um ano e meio a mais do que as chamadas recessões típicas, que duram cerca de um ano. Segundo terminologia adotada pelo Fundo, recessões típicas são aquelas que não estão ligadas diretamente a crises financeiras e são geradas por outros choques, por exemplo, do petróleo.

De acordo com o Fundo, a recuperação que ocorre após uma recessão sincronizada é usualmente lenta, diferentemente das recuperações na esteira de recessões típicas, que costumam ser caracterizadas como ‘retomadas fortes”. Um agravante no caso de recessão sincronizada, cita o Fundo, é se os Estados Unidos também estiverem em recessão, como é o caso atual. Recessão nos EUA significa acentuada queda das importações pelo país, um fato que pesa ainda mais para “significativa contração no comércio mundial”.

Embora seja necessário usar a cautela para fazer inferências de uma evidência história para o presente, “o fato é que o declínio atual da economia, altamente sincronizado e associado com crise financeira profunda, sugere que (o processo de recessão) deverá ser persistente, com recuperação mais fraca do que a média”, completa Scott.

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