Curitiba

Está mais barato enviar as cinzas de um ente querido “para o espaço”

Passada uma década da instalação do primeiro serviço de cremação de mortos em Curitiba, as pessoas que optam por serem cremadas ou acatam essa escolha de algum familiar falecido contam, agora, com a possibilidade de enviarem as cinzas para a órbita terrestre ou lunar. O destino inusitado para os restos mortais começou a ser oferecido neste mês pelo Crematório Vaticano, muito embora, isso fosse possível desde 1999, um ano antes do início das atividades do primeiro crematório da capital paranaense. Na época, porém, o custo do envio iniciava em R$ 30 mil. Agora, desembolsando R$ 3,8 mil, já é possível mandar as cinzas de um ente querido, literalmente, para o espaço. O valor mais acessível está vinculado ao grau de maturação do serviço e também à valorização do real frente ao dólar, uma vez que o preço é fixado na moeda norte-americana (a partir de US$ 2,2 mil), em função de ser negociado via um convênio viabilizado pela companhia Celestis Incorporated parceira da NASA.

“Há 11 anos a cremação era algo incomum e o câmbio era alto, ou seja, estávamos diante de um contexto completamente inviável para oferecer esse serviço”, explica a diretora do Crematório Vaticano, Mylena Cooper. Apesar de, no Brasil, serem cremadas apenas 8% das pessoas na atualidade, Mylena verifica que o novo serviço venha agregar valor ao negócio. “Começamos a ofertar neste mês os três tipos de destino – órbita terrestre, órbita lunar e infinito das estrelas – e já surgiram duas famílias interessadas”, relata.

Ela diz que o serviço integra uma série de benefícios oferecidos pelo crematório aos seus clientes. “O envio das cinzas atende a um público aficionado por astronomia e coisas do gênero. Mas ele agrega valor à cremação, assim como outras ações como planos para quem quer ser cremado, com parcelamento em até 36 vezes, com direito a vídeo, música, etc”, aponta. De acordo com Mylena, tais planos têm mostrado uma franca expansão e aceitação dessa modalidade pelos brasileiros. “Além da vantagem de deixar tudo resolvido para a hora da morte, as pessoas estão entendendo cada vez mais a cremação como um processo prático, cada vez mais econômico e que poupa o meio ambiente. Isso vai refletir no aumento pela procura do envio das cinzas para o espaço”, analisa.

Dos países como o Japão, onde 99% dos mortos são cremados, ou nos Estados Unidos, em que o índice é de 44%, o envio das cinzas para o espaço já soma três viagens de foguete por ano, cada uma carregando os restos mortais de aproximadamente 300 pessoas, no valor básico do pacote (R$ 3,8 mil). Para quem quer definir entre órbita terrestre, lunar ou infinito das estrelas há um custo adicional, assim como para quem quer exclusividade no foguete. “Os pacotes mais caros podem chegar à R$ 600 mil”, informa Mylena.

Os familiares ainda podem escolher em viajar para o local de onde o foguete será lançado ou acompanhar a ação pela internet. O próximo envio partirá da Flórida, nos Estados Unidos, e está marcado para o dia 09 de setembro.