Entressafra eleva custo da cesta básica

O período de entressafra de alguns produtos elevou o preço da cesta básica em Curitiba no mês passado. Segundo levantamento divulgado ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR), oito dos 13 itens pesquisados sofreram aumento. O resultado foi a elevação da cesta em 4,22% em outubro – a segunda alta consecutiva. Apesar disso, os alimentos acumulam no ano queda de 6,71% e, nos últimos 12 meses, pequeno aumento de 0,29%.  

Entre os itens que mais subiram em outubro estão a batata (alta de 25%), a banana (17,33%), o tomate (14,71%) e o arroz (9,42%). Segundo o economista Sandro Silva, do Dieese-PR, a batata está em período de entressafra no Paraná. ?Estamos dependendo da produção vinda de fora (especialmente São Paulo e Minas Gerais)?, apontou o economista, lembrando que o produto vinha com queda de preço desde maio. A alta da batata foi praticamente generalizada: das nove capitais pesquisadas pelo Dieese, houve aumento em sete. Em Curitiba, o preço médio do quilo passou de R$ 0,84 para R$ 1,05.

A alta da banana (17,33%), segundo o economista, também está atrelada à redução da oferta e à recuperação do preço. É que em agosto o produto havia ficado 16,4% mais barato. Já o tomate, que vinha com o preço em queda desde maio, já subiu 64,2% nos últimos dois meses, com o quilo passando de R$ 0,95, em média, em agosto, para R$ 1,56 no mês passado. Para o economista Sandro Silva, o preço do produto pode subir ainda mais por conta do período de entressafra. No caso do arroz, a alta de 9,42% é atribuída também ao possível período de entressafra. ?Como a produção é concentrada no Rio Grande do Sul, os produtores costumam estocar o arroz para que haja um movimento de alta no preço no final do ano?, explicou Silva.

Além desses itens, também tiveram aumento o óleo de soja (2,51%), a carne (1,83%) – que acumula três meses seguidos de alta -, a manteiga (1,06%) e o feijão (1,04%). Na outra ponta, o leite registrou queda no preço (-1,77%), a farinha de trigo (-1,06%) e o pão (-0,74%). Dois itens não tiveram variação de preço em outubro: o café e o açúcar.

Com estes resultados, o preço da cesta básica em Curitiba ficou em R$ 165,05 – a sexta mais cara do país, atrás de São Paulo (R$ 179,74), Porto Alegre (R$ 179,07), Florianópolis (R$ 173,36), Belo Horizonte (R$ 172,27) e Rio de Janeiro (R$ 166,75). A mais barata foi verificada em Fortaleza (R$ 128,00). Quanto à variação, Curitiba também ficou na sexta posição. Das 16 capitais pesquisadas pelo Dieese, 14 registraram aumento de preço em outubro – a maior delas em Belo Horizonte (6,89%) e a menor em Brasília (0,74%). Duas capitais tiveram queda no preço: Recife (-0,79%) e Salvador (-1,05%). Segundo estimativa do Dieese, o salário mínimo em outubro para atender necessidades vitais como moradia, alimentação, educação, lazer, vestuário, transporte e previdência social, deveria ser de R$ 1.510,00.

Novembro

Para novembro, o economista Sandro Silva acredita que a cesta básica deva apresentar novo aumento de preço, porém em magnitude menor do que a registrada em outubro. ?Se não ocorrer nada de excepcional, como a queda do preço do tomate ou da carne, a variação deve ser positiva, mas não tão alta como foi em outubro?, apontou. Entre os itens que podem subir, ele citou o tomate – caso chova muito -, a batata – cuja colheita só inicia em dezembro – e a farinha de trigo, devido à safra brasileira que pode ser muito menor este ano. Já o preço da carne, segundo Silva, não tem motivos para subir mais.

Produtos de limpeza ficaram mais caros

Os produtos de limpeza ficaram, em média, 0,77% mais caros em outubro na comparação com setembro, em Curitiba. Já os itens de higiene tiveram o preço reduzido em cerca de 0,81%, em média. Os dados fazem parte da pesquisa realizada pelo Dieese, em parceria com a Federação dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação do Paraná (Feaconspar).

A alta dos produtos de limpeza foi influenciada principalmente pela esponja de louça (aumento de 10,53%). Outros itens que tiveram aumento no preço foram limpa vidros (4,90%), álcool (4,03%) e sapólio em pó (3,02%). Na outra ponta, tiveram queda nos preços o balde (-14,85%), esponja de aço (-3,25%) e o rodo (-4,45%). O Dieese pesquisou ao todo 22 produtos de limpeza em cerca de 16 supermercados.

Entre os itens de higiene, a queda de 0,81% foi puxada sobretudo pelo bronzeador (-21,30%), sabonete (-2,70%) e shampoo (-4,69%). Por outro lado, houve aumento de 2,42% no papel higiênico e de 4,04% no creme dental. Onze produtos tiveram os preços pesquisados pelo Dieese.

Já na comparação entre os mesmos itens, a maior diferença de preço foi encontrada no balde (453,82%), seguida pelo creme dental (57,02%). As menores diferenças foram observadas no desodorante (22,18%) e bronzeador (25,03%).

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