Emprestar a aposentados virou um grande negócio

Os empréstimos que estão sendo oferecidos a aposentados e pensionistas da Previdência Social com taxas de juros entre 1,5% e 4% ao mês, com desconto em folha, na avaliação do presidente do Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon), Christian Luiz da Silva, pode ser vantajoso se for utilizado para renegociar dívidas junto aos bancos. ?Em média os bancos cobram uma taxa de 11% ao mês pelos empréstimos. Nessa modalidade, para os aposentados, os juros não ultrapassam 4%. Isso pode ser uma saída para reduzir o pagamento dos juros?, explicou. Porém, ele ressaltou que, se o aposentado não estiver envolvido nessa situação, os juros de 4% são considerados altos, ?pois nenhuma aplicação financeira oferece esses rendimentos?.

O empréstimo também não é interessante se for para antecipar uma compra. De acordo com Silva, o mais recomendado é economizar o dinheiro, mesmo que aplicado em uma poupança – que tem rendimentos mensais de 0,5% mais TR – para poder comprar à vista ou com parcelamentos com taxas mais baixas. O presidente do Corecon ressalta ainda que as insistentes propagandas que os bancos e financeiras vêm fazendo sobre o assunto têm estimulado muitas pessoas a fazer os empréstimos. ?É uma arma de marketing para consumir algo sem necessidade?, falou.

Para as instituições financeiras estas operações são muito vantajosas, pois mesmo operando com taxas baixas, a inadimplência praticamente não existe, pois o desconto é feito direto na folha de pagamento. ?O que já não acontece nas outras modalidades, onde operam com taxas de 12% porque correm o risco de não receber?, explicou Silva.

Filão vantajoso

Os aposentados e pensionistas do INSS são, para os bancos e financeiras, um novo filão de mercado. Essas instituições já conseguiram atrair cerca de 7,5% dos 23 milhões de pessoas nessas condições. O negócio é tão atrativo que até o Sindicato Nacional dos Aposentados irá oferecer os empréstimos.

Desde maio de 2004, quando essa modalidade de crédito foi liberada no País, 1,7 milhão de aposentados já contraíram empréstimos. Segundo a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev), juntas, as 16 instituições que operam os créditos – incluindo os bancos oficiais – emprestaram R$ 4,3 bilhões. Os maiores beneficiados foram os aposentados e pensionistas que recebem até dois salários mínimos.

Pelas normas do governo federal, a prestação do empréstimo descontada mensalmente não pode ultrapassar 30% da renda líquida do benefício. Além disso, o número máximo de parcelas é 36. Mesmo com essas limitações, para os agente financeiros essa modalidade de operação é vantajosa, pois não oferece riscos, já que o desconto é feito direto da folha de pagamento.

A advogada do Sindicato Nacional dos Aposentados, em Curitiba, Juliana Miguel Rebeis, afirmou que em trinta dias a entidade irá implantar uma modalidade de empréstimo. Ela não quis adiantar com qual instituição financeira o sindicato está se associando, mas ressaltou que o objetivo do envolvimento nas operações de crédito será orientar e fiscalizar para que os aposentados não sejam enganados na hora de contrair os empréstimos. ?Muitas vezes o que acontece é que, na hora de fazer o contrato, os bancos e financeiras embutem outros serviços, como seguros de vida. O sindicato vai orientar para que a operação seja feita com uma instituição segura?, falou. 

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