Emprego e renda industrial cresceram menos

A indústria brasileira contratou menos trabalhadores em 2005 do que em 2004, de acordo com a Pesquisa de Emprego e Salário na Indústria, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O nível de emprego no ano passado ficou em 1,1%, e dá sinais de desaceleração em relação à expansão do mercado verificada em 2004, quando o nível de emprego no setor cresceu 1,8%.

A coordenadora da pesquisa do Instituto, Isabela Nunes Pereira, explicou que a desaceleração foi um reflexo do recuo no desempenho da produção ao longo do ano passado, associado à alta base de comparação com 2004, quando a indústria teve um desempenho considerado excepcional, com crescimento de 8,3%. Em 2005 a produção industrial nacional cresceu 3,1%.

?Em 2005 o emprego na indústria perdeu um pouco de fôlego, respondendo a uma acomodação da produção industrial, que só veio mostrar crescimento mais forte no final do ano. Agora, a resposta do emprego no setor vai ter que esperar os próximos meses para saber se este movimento da produção vai se consolidar?, disse a especialista.

Renda

A renda do trabalhador cresceu pelo segundo ano seguido, mas com fôlego menor: em 2004 ela havia crescido 9,7% (dado revisado) e em 2005, a expansão ficou em 3,4%. Apesar do crescimento, o IBGE destaca que os resultados do quarto trimestre mostram desaceleração da massa salarial dos trabalhadores do setor. Nos últimos três meses de 2005, a renda do trabalhador cresceu 1,8% na comparação com igual período de 2004. No terceiro trimestre, a expansão havia sido de 3,9%.

Em dezembro, a renda do trabalhador recuou 1,2% em relação a novembro, o que representa a quarta queda consecutiva neste tipo de comparação. De setembro a dezembro, houve uma perda acumulada de 4,8% no rendimento.

Setores

As principais contribuições positivas para o emprego vieram de alimentos e bebidas (7,1%), meios de transporte (9,0%) e produtos de metal (4,6%). Em sentido oposto, as indústrias de artigos de couro (-11,7%), que foi penalizada pela valorização do real e pelo preço desfavorável para a venda desses produtos, madeira (-9,0%) e vestuário (-3,6%) foram os destaques entre os oito segmentos que cortaram vagas na indústria.

Em termos regionais, as principais pressões positivas vieram de São Paulo (2,3%), Minas Gerais (3,9%) e região Norte e Centro-Oeste (3,9%). Em São Paulo, a expansão do total de vagas foi puxada pelas indústrias de alimentos e bebidas e meios de transporte. Os destaques da indústria mineira foram produtos de metal, alimentos e bebidas.

O estado do Rio Grande do Sul foi a principal influência negativa: houve queda de 6,3% no total de trabalhadores empregados na indústria, com redução de vagas em 10 segmentos e destaque para calçados e artigos de couro (-19,9%). Houve queda também no nível de emprego industrial do Rio de Janeiro (-1,0%) e Espírito Santo (-0,7%).

Horas pagas

O indicador acumulado de janeiro a dezembro de 2005 de número de horas pagas aos trabalhadores da indústria cresceu 0,8%. Mas em outras comparações há quedas: em dezembro o indicador recuou 0,3% frente a novembro e na comparação com dezembro de 2004, houve queda de 0,6%. Na passagem do terceiro para o quarto trimestre, houve decréscimo de 0,5%.

As horas pagas funcionam como um indicador antecedente sobre novas contratações. Isso porque quando o empresário se vê obrigado a pagar muitas horas extras há um aumento na probabilidade de que o crescimento da produção se transforme também em expansão da mão-de-obra.

Grandes cidades empregaram mais

Ao contrário do que ocorreu em 2004, no ano passado a geração de empregos esteve concentrada nos principais municípios do Paraná. É o que mostra a pesquisa divulgada ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR). Conforme o levantamento, o nível de emprego no Estado cresceu 4,23% em 2005, gerando saldo de 72.374 postos de trabalho. Nos 29 principais municípios, o nível de emprego cresceu 4,56%, pouco acima da média do Estado, enquanto nos demais municípios, o aumento foi de 3,42%. Em saldo de empregos, os principais municípios concentraram 76,5% das vagas criadas e os demais ficaram com 23,50%.

De acordo com o economista Sandro Silva, do Dieese-PR, ao contrário do que ocorreu em 2004, no ano passado a quebra da safra por conta da estiagem, além do real valorizado e da queda de algumas commoditties agrícolas, afetou a geração de empregos em cidades menores. ?Houve mudança do cenário em relação a 2004, e o resultado foi um crescimento maior nos grandes centros urbanos?, apontou.

Entre as dez mesorregiões que compõem o Estado, o oeste paranaense foi a que apresentou maior geração de empregos (6,42%), especialmente por conta das microrregiões de Toledo e Cascavel. O desempenho positivo veio, sobretudo, da indústria de transformação com destaque para o segmento de alimentos, que respondeu por quase 30% das vagas geradas. Na outra ponta, o Centro-Sul Paranaense registrou pior desempenho, com crescimento de apenas 1,49% no nível de emprego. O resultado fraco veio da indústria de transformação, especialmente a indústria de madeira e papelão – que registrou saldo negativo de 591 empregos – e a indústria de papel, papelão, editorial e gráfica, com saldo negativo de 144 postos de trabalho. (Lyrian Saiki) 

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