Emprego cresce 29,5% e salário cai 9,3%

O número de pessoas empregadas no comércio cresceu 29,5% entre 1996 e 2003. Segundo a Pesquisa Anual do Comércio (PAC) divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1996, eram aproximadamente 4,843 milhões de pessoas ocupadas nos segmentos de veículos, peças e motocicletas; varejo e atacado. Sete anos depois passaram a ser 6,271 milhões trabalhadores. Já o salário médio real dos empregados apresentou queda de 9,3%. Enquanto em 1996 era de R$ 524,50, em 2003 estava em R$ 475,70.

O salário médio do comércio caiu nos três segmentos analisados na pesquisa. A maior queda foi no segmento de veículos, peças e motocicletas, que passou de 4,1 salários mínimos, médios, em 1996, para 2,5 em 2003. Em seguida veio o atacado, que saiu de 4,8 salários para 3,5 em 2003. E por último o varejo, onde o trabalhador, em 1996, ganhava o equivalente a 2,3 salários mínimos médios e sete anos depois era de 1,8 salário mínimo.

A pesquisa indica ainda que tanto no varejo quanto no atacado não se alterou a média de ocupados por empresa. No varejo são quatro trabalhadores por empresa e no atacado dez. Já no setor de veículos, peças e motocicletas passou de sete, em 1996, para cinco, em 2003.

Somente na atividade de comércio de veículos automotores o número de empregados caiu de 22 para 8 ocupados por empresa. Segundo o IBGE, a redução é reflexo da estratégia de comercialização das montadoras, que incluiu a venda direta ao consumidor, o que reduziu o número de empregados nas lojas e concessionárias.

Para explicar a queda da renda dos trabalhadores, a gerente de Análise da Pesquisa Anual de Comércio (PAC), Clician Oliveira, afirma que nesse período o comércio pode ter absorvido mão-de-obra porque diminuiu os salários. ?É um período que nós temos baixo crescimento e taxas de desemprego, consideradas em patamar alto. O setor de serviços, de um modo geral, acaba absorvendo mão-de-obra no período e neste caso as empresas conseguem contratar as mesmas pessoas com salários mais baixos. São as possibilidades de explicação do movimento?, disse.

Parte do crescimento de empregos foi registrado no setor de supermercados, em que o número médio de funcionários por empresa aumentou de 41 para 95. A explicação, segundo o IBGE, a é reformulação do setor que recebeu investimentos estrangeiros nesse período.

O número de empresas apresentou crescimento semelhante (29%), passando de 1,580 milhão para 1,365 milhão no mesmo período. De acordo com a pesquisa, somente no comércio varejista de combustíveis e lubrificantes o número de empresas teve aumento de 180%.

Na produtividade (receita líquida dividida pelo número de empregados), somente o segmento de veículos, peças e motocicletas registrou crescimento entre 1996 e 2003, passando de R$ 132,8 mil para R$ 134,3 mil. No varejo, a produtividade caiu de R$ 76,7 mil para R$ 59,3 mil e no atacado a queda foi de R$ 379 mil para R$ 322,4 mil.

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