Em defesa das sementes transgênicas

Os incentivos à produção de itens não-transgênicos são legítimos, desde que cheguem efetivamente ao agricultor. É essa a opinião da engenheira agrônoma Alda Lerayer, diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB).

Para ela, sempre vai haver demanda por produtos dos dois tipos mas, hoje, mesmo com prêmios como os oferecidos pelo governo do Paraná ao produtor de soja convencional, a produção utilizando sementes modificadas geneticamente tem se mostrado mais viável.

“Quem deixa de ter lucro maior pela diminuição de custos é o produtor. Então, ele tem que ganhar”, afirmou Lerayer, em visita à Redação de O Estado do Paraná, ontem.

Para ela, ao escolher entre receber o prêmio por produzir itens convencionais e pagar royalties por produzir transgênicos, muitos agricultores têm preferido a segunda opção, devido a um menor custo para a produção. “Agricultores têm feito essa conta e estão pagando [os royalties] e plantando”, observou.

Como exemplo, a engenheira agrônoma lembrou do milho, que está com uma proporção crescente de transgênicos na safrinha atual. “A previsão para a safrinha era de 19% de transgênicos, mas foram plantados 30%. No Paraná, chegou a 31%”, indicou.

Ela previu que o Brasil deve atingir, em breve, um equilíbrio entre soja, milho e algodão convencionais e transgênicos, que deve ser mantido. Para ela, proporções desiguais, como na Argentina, onde quase a totalidade da produção dos itens é geneticamente modificada, não devem ocorrer no País.

De acordo com Lerayer, a balança pesa em favor aos transgênicos à medida que diminui a necessidade de pulverização das plantações, entre outras vantagens. No caso do milho, a modificação genética faz a planta criar toxinas que matam alguns tipos de lagarta que prejudicam as lavouras.

“Em uma cultura normal de milho, chega a ser pulverizada de três a nove vezes. Cada pulverização usa de 700 a mil litros de água”, calculou, defendendo que o debate em relação aos transgênicos saia do viés político e ideológico, e passe a ser mais técnico e científico.