Efeito Estados Unidos alivia preço dos alimentos em Curitiba

Os gastos com os itens que compõem a cesta básica de Curitiba recuaram 3,34% em julho na comparação com junho e fizeram com que o valor passasse dos R$ 247,03 registrados no mês passado, para R$ 238,77. Dos 13 produtos pesquisados, apenas a banana (11,70%), a manteiga (3,96%) e o pão (0,36%) subiram em julho. A redução nos valores dos demais produtos, parte deles com um impacto muito alto na formação do preço da cesta, como a carne, que baixou 1,35% no mês, é gerada por um conjunto de fatores, inclusive, o cenário de incertezas quanto aos rumos da economia na Europa e nos Estados Unidos.

“Alguns dos produtos como a carne e o leite estão na entressafra e, mesmo assim, baixaram preços, o que mostra a influência do cenário internacional e a pressão exercida sobre os valores das commodities”, aponta o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Paraná (Dieese-PR), Sandro Silva. Mas o recuo apresentado pelos produtos também está relacionado à acomodação dos preços que dispararam em 2010. “Vários alimentos continuam com um patamar bem acima do normal. A carne, que desde abril vem caindo, ainda segue em um patamar bastante elevado”, pondera.

Pela série histórica do Dieese-PR, o valor da carne em julho deste ano está 14,55% mais elevado do que julho de 2010. “Na média dos cortes do coxão mole, coxão duro e patinho, usados para a formação do índice na cesta básica, o quilo da carne em julho ficou em R$ 14,64 contra os R$ 12,78 registrados em 2010”, compara.

O leite (queda de 2,45% no mês) e o feijão (queda de 1,07%) também evidenciam a participação das cotações internacionais no mercado interno. “Da mesma forma como os fundamentos de oferta e demanda não justificavam a disparada da inflação dos alimentos em 2010, a queda também não se justificaria na entressafra”, reconhece o economista.

Tal oscilação encontra explicação no papel determinante do mercado financeiro internacional, principalmente no que tange o movimento dos fundos de investimentos, sobre os preços pagos pelo consumidor brasileiro. “Apesar da redução, ainda estamos na expectativa por uma inversão de tendência por conta da entressafra. Como ocorre tradicionalmente no terceiro trimestre do ano”, avisa.

Quanto aos produtos que registraram alta, somente a banana registrou dois dígitos de aumento, 11,70%, porém, o economista explica que a valorização do item vem após uma queda acentuada de 29% entre os meses de março e junho.

Confira a variação mensão dos produtos segundo o Dieese-PR

(*) Coxão Mole, Coxão Duro e Patinho.