Economista do Itaú vê incapacidade política de aprovar medidas fiscais

O economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn, destacou nesta quarta-feira, 14, que “há incapacidade política de aprovar medidas fiscais necessárias”, devido ao nível de fragmentação que existe no Congresso. “A volta da confiança na economia precisa do ajuste fiscal. E o fiscal necessita do apoio político”, ressaltou. “Mas se ficar claro que o problema fiscal começa a se resolver, o investimento para de cair. (O investimento) que está em queda há nove trimestres.”

A retração da Formação Bruta de Capital Fixo é um dos fatores que levam a economia à atual recessão, destacou Goldfajn. Para ele, o recuo do nível de atividade deve levar a uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 3% em 2015 e de 1,5% no ano que vem.

O economista estima que neste ano e no próximo o governo vai registrar déficit primário, o que significa que a meta fiscal de 0,7% do PIB para 2016 não será alcançada. Ele projeta que o indicador deve atingir um resultado negativo de 0,3% do PIB em 2015 e de 0,7% do produto interno bruto no ano que vem.

De acordo com Goldfajn, em 2015 e no próximo ano a economia será marcada por uma inflação alta, atividade baixa e câmbio depreciado. Ele projeta que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subirá 9,7% neste ano e 6,5% em 2016. Em relação ao dólar, ele prevê a cotação de R$ 4,00 para dezembro e de R$ 4,25 para o encerramento no próximo ano. “Há em curso um processo de ajuste de contas externas. Com o dólar a R$ 4,00, o déficit de contas correntes deve chegar a zero em dois ou três anos”, destacou.

O economista-chefe do Itaú afirmou também que a taxa de desemprego deve atingir 8,6% neste ano e subir para 10,2% no próximo. Contudo, ele ressaltou que a melhora na área fiscal será positivo para a recuperação das expectativas na economia, o que poderá conter a trajetória de retração dos investimentos e gerar efeitos positivos para atenuar a retração do nível de atividade.

Reservas internacionais

Goldfajn disse ainda que o volume de reservas internacionais, próximo a US$ 374 bilhões, é uma grande proteção para o País. “Agora não é o momento de vender reservas. Elas só se usam para conter corridas, pânicos e movimentos completamente excepcionais”, destacou.

Na avaliação de Goldfajn, como a economia tem graves dificuldades de contas públicas, caso o Banco Central aumentasse a taxa Selic no momento isso não resolveria. “O BC subir os juros agora não ajuda a resolver o problema na área macro, que precisa de ajuste fiscal”, comentou. “Essa questão é muito importante. Para não perder o grau de investimento, basta ter um primário positivo em 2016”, disse.

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