Economia dos EUA ainda não está fora de perigo

O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Ben Bernanke, disse que embora a economia tenha começado a crescer novamente, ela “está longe de estar fora de perigo”. “Hoje, a economia continua a operar bem abaixo de seu potencial, o que implica que uma acentuada redução no curto prazo em nosso déficit fiscal provavelmente não será prático ou aconselhável”, afirmou.

Contudo, ele alertou que a fragilidade atual da recuperação econômica não deve ser um impedimento para os EUA começarem a elaborar um plano com credibilidade para enfrentar os desafios fiscais no longo prazo. Um plano crível mostrando um comprometimento para alcançar a sustentabilidade fiscal no longo prazo pode levar a taxas de juro mais baixas e a um crescimento mais rápido no curto prazo, disse Bernanke, acrescentando que os EUA devem tomar decisões difíceis.

“Alguns dos problemas mais difíceis estão no mercado de mão de obra”, afirmou Bernanke, acrescentando que estava particularmente preocupado com a taxa de desemprego persistentemente alta, que refletia a fraqueza nas contratações apesar das demissões terem diminuído nos últimos meses. Segundo dados do Fed, mais de 40% dos desempregados passam de seis meses a mais fora do mercado de trabalho, quase o dobro do tempo de há ano. “Eu estou particularmente preocupado sobre essa estatística, porque longo período de desemprego reduz a habilidade (do trabalhador) e a renda no longo prazo e a perspectiva de emprego desses trabalhadores”, disse.

“Dito isso, meu melhor palpite é que o crescimento econômico, apoiado pela política monetária de estímulo do Fed, será suficiente para reduzir lentamente a taxa de desemprego ao longo do próximo ano”, afirmou.

Bernanke observou que ainda persistem desafios críticos para a economia americana tanto no curto quanto no longo prazo. “Ainda temos de ver evidências de uma recuperação sustentada no mercado de moradia. A inadimplência nos empréstimos de primeira e segunda linha (prime e subprime) continua a crescer, assim como as execuções de hipotecas. O setor de imóveis comerciais permanece problemático, o que é uma preocupação para as comunidades e para os bancos”, afirmou.

Em recentes audiências no Congresso, Bernanke alertou os legisladores de que os déficits dos EUA não são sustentáveis. Após exortar os legisladores a elaborarem um plano crível para gradualmente reduzir o déficit em crescimento ao longo do tempo, o presidente do Fed está agora levando a sua mensagem para um público maior.

A proposta de orçamento federal da administração do presidente Barack Obama prevê um déficit recorde de US$ 1,6 trilhão, ou 10,6% do PIB – o mais alto desde a Segunda Guerra Mundial. O governo planeja reduzir o déficit para 3,9% do PIB até o ano fiscal 2014.

Bernanke disse que os EUA terão de decidir entre aumentar os impostos, reduzir os benefícios de seguridade social ou Medicare, ou gastar menos em todas as áreas, da educação à defesa.

Envelhecimento

Os Estados Unidos precisam começar a se preparar agora para os desafios colocados pelo envelhecimento da população com um plano crível para reduzir gradualmente uma crescente dívida pública, afirmou Bernanke. Os gastos com saúde deverão aumentar no longo prazo à medida que cresce a população de idosos nos EUA, colocando desafios sobre as finanças do país, que já estão sob pressão, alertou o presidente do Fed em discurso preparado para um evento na Câmara de Comércio de Dallas. Bernanke disse que “a menos que nós, como uma nação, demonstremos um forte compromisso com a sustentabilidade fiscal, no longo prazo não teremos nem estabilidade financeira nem crescimento econômico saudável.” As informações são da Dow Jones.

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