Dólar não se sustenta e fecha agosto abaixo de R$ 3

O dólar fechou agosto abaixo dos R$ 3, contrariando previsões feitas no fim de julho. A moeda dos EUA subiu ontem 0,70%, vendida a R$ 2,979, e acumulou leve alta de 0,33% no mês, mas baixa de 16% no ano. É o quinto mês consecutivo em que a cotação termina o período abaixo dos R$ 3.

O avanço das reformas no Congresso e o corte da taxa básica de juro acima do esperado ajudaram a dissipar as turbulências surgidas no início do mês. A melhora do cenário político renovou o apetite dos investidores estrangeiros por ativos brasileiros.

“O governo Lula cumpriu a agenda proposta. Aprovou neste mês a reforma da Previdência na Câmara e encaminhou a tributária. Em se tratando de Brasil, isso é um fato inédito”, diz a economista do BES (Banco Espírito Santo), Sandra Utsumi.

A entrada de dólares criou um fluxo positivo no mercado de câmbio, o que explica as cotações “comportadas” neste mês. A balança comercial deve fechar agosto com um saldo positivo acima de US$ 2 bilhões.

Além disso, as instituições financeiras, em sua maioria, assumiram posições “vendidas” (que apostam na queda das cotações) nos contratos futuros de dólar negociados na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros).

A rolagem de um percentual menor da dívida cambial pelo Banco Central neste mês provou ainda ser mínima a demanda do mercado por “hedge” (proteção contra o sobe-e-desce da moeda) na forma de contratos de “swap” (troca de taxas).

Até os especuladores mudaram o tom. Em vez de boatos sobre eventual mudança no comando da equipe econômica, agora são comuns os rumores sobre uma melhora da nota (“rating”) do Brasil pelas agências de classificação de risco e um novo lançamento de bônus pelo governo.

Bolsa

Juros menores e o avanço na reforma da Previdência ajudaram a Bovespa a encerrar agosto no topo da lista das aplicações mais rentáveis. Depois de patinar no início do mês, o índice das principais ações protagonizou o ciclo mais longo de alta em seis anos: 11 pregões seguidos de valorização. Esse desempenho construiu a base para o Ibovespa atingir o melhor nível desde 2001 e acumular ganhos de 11,8 por cento em agosto.

Na segunda posição do ranking apareceu o ouro, seguido pelo C-Bond e pelo CDI, que serve de referência para aplicações em fundos de renda fixa. O dólar acabou no fim da lista, com discreta alta de 0,44 por cento frente ao real.

No ano, o Ibovespa tem alta de 34,7 por cento e quase empata com a valorização acumulada pelo C-Bond – o principal papel da dívida externa do país, que passou por forte correção após a tensão pré-eleitoral de 2002.

Os bônus já subiram cerca de 37 por cento desde janeiro. No mês, o C-Bond avançou pouco mais de 4 por cento e no final desta tarde era cotado a 90,25 por cento do valor de face.

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