Câmbio

Dólar já poderia estar custando menos de R$ 2

A pressão do mercado para a queda do dólar deve seguir enquanto os países mais ricos continuarem experimentando a crise econômica, e os emergentes, como o Brasil, mostrando desempenhos mais estáveis na economia.

“A tendência natural já seria um dólar abaixo de R$ 2,00”, afirma o analista Felipe Pellegrini, gerente da mesa de operações da Confidence Câmbio. Para ele, é grande a possibilidade de que o Banco Central (BC) continue tendo trabalho nos próximos meses.

Conforme Pellegrini, a recente valorização do real frente ao dólar se deve a uma grande entrada de capital estrangeiro no País. “Com países como os Estados Unidos ainda em crise e notícias ruins vindo de lá, os investidores acabam olhando para os emergentes”, explica, lembrando que o Brasil é uma das melhores opções entre eles, junto com outros países da América do Sul.

O panorama, para ele, não deve se alterar enquanto a crise continuar forte nos países mais desenvolvidos. “Enquanto os grandes não saírem de verdade da crise, os emergentes vão ser bem olhados e o investimento estrangeiro vai entrar no Brasil”, indica. Na opinião do analista, a tendência, portanto, vale tanto para o curto como para o médio prazo, o que vai exigir mais intervenções do BC.

“A pressão para baixo continua”, diz Pellegrini. “Se não fosse a intervenção do BC na última quarta-feira (20), o dólar já teria caído abaixo de R$ 2,00.” Ele acredita que a semana deve começar tranquila – devido principalmente a um feriado nos Estados Unidos e na Inglaterra, na segunda-feira -, mas que nos dias seguintes pode haver boa movimentação. “Segunda-feira será um dia morno, mas de terça em diante a ‘briga’ vai ser muito boa”, prevê.

O analista também afirma que, se for gradativa, uma baixa a até R$ 1,80 ainda é plausível. Por isso, ele acredita que o BC deva continuar intervindo para manter o dólar a pelo menos R$ 2,00 por enquanto, e fazendo com que a queda seja mais suave.

A manutenção nesse patamar – que Pellegrini ainda considera bom até para os exportadores – também pode, para ele, ter um certo efeito psicológico no mercado, que não ficaria confortável com uma queda rápida, mesmo que fosse para R$ 1,99.

Segundo o analista, uma queda brusca no dólar, como a deste mês, não beneficia praticamente nenhum setor do mercado. Nem mesmo o turismo, que a longo prazo acaba sentindo os efeitos de fortes oscilações, já que os consumidores ficam temerosos com possíveis viradas do mercado e desistem de viajar.

Voltar ao topo