Dólar fecha o mês valendo R$ 2,72

O dólar comercial encerrou novembro em sua menor cotação desde 19 de junho de 2001. Um conjunto de indicadores positivos da economia, como melhora das contas públicas, PIB (Produto Interno Bruto) em expansão e o retorno das captações externas privadas derrubaram a cotação e frustraram as projeções do início de ano, que apontavam taxas entre R$ 2,90 e R$ 3,15 para o final de 2004.

Ontem, o dólar fechou em queda de 1,01%, cotado a R$ 2,720 para venda. A moeda americana se mantém há sete dias consecutivos em seu menor nível dos últimos dois anos e meio. O mercado foi movimentado ontem pelas notícias de novas captações externas, desta vez, denominadas em reais, após a operação inédita do banco Votorantim no último dia 19.

O Bradesco lançou uma operação para captar o equivalente a US$ 300 milhões em papéis indexados a reais, com vencimento em 36 meses. O banco ABN Amro (Real) e o Unibanco também abriram oferta para levantar US$ 50 milhões no exterior, com papéis indexados à moeda brasileira.

"Essas empresas somente estão aproveitando o bom momento do risco-país a 415 (pontos)", diz o analista de câmbio da corretora Liquidez, Mário Paiva.

A cotação do título da dívida soberana C-Bond subiu 0,37% enquanto o Global 40 avançou 0,30%. O indicador Embi+ caía 0,24%, para 414 pontos, no final da tarde.

No mercado internacional, o euro bateu patamares históricos contra a moeda americana, cotado a US$ 1,3336, apesar do crescimento acima do previsto do PIB americano.

Queda não vai prejudicar exportações

As recentes quedas na cotação do dólar em relação ao real e o fato de a moeda estar abaixo de R$ 2,80 não devem prejudicar as exportações brasileiras, segundo avaliação de dois ex-presidentes do Banco Central. Para Gustavo Franco, o patamar atual do dólar não prejudica as exportações das empresas que são competitivas realmente. "O fato de a taxa estar um pouco apertada não é ruim partindo do ponto de vista que ela pode trazer uma certa disciplina ao exportador", afirmou.

Segundo ele, para a exportação ser bem-sucedida não é preciso ter uma taxa de câmbio a R$ 4. A empresa é que necessita ser produtiva e eficiente.

"O exportador marginal, que tem pouca competitividade diante de um câmbio a R$ 2,74, não é um exportador de longo prazo", disse.

Para Gustavo Loyola, a queda do dólar pode reduzir um pouco a receita dos exportadores, mas não prejudica as vendas externas do País.

"Existe por trás das exportações uma gordura muito grande. O Brasil conseguiu uma competitividade muito grande", afirmou Loyola.

Ele avalia ainda que o câmbio é flutuante e, portanto, se as exportações começarem a dar sinais de retração, o próprio mercado tende a se ajustar. "Existe um mecanismo de auto-ajuste no mercado."

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