Dívidas rurais não afetam o crédito no setor agrícola

Ao mesmo tempo em que afirma que no setor agrícola “não se pode trabalhar com fluxo financeiro apertado”, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, disse ontem, em Curitiba, que o endividamento dos agricultores não afeta as condições de crédito e que o governo Lula já renegociou três vezes com os mesmos.

O ministro esteve na capital paranaense para fazer a entrega do trator número 6 mil da Case New Holland (CNH), no programa Mais Alimentos. A entrega foi realizada na fábrica, no bairro CIC.

Embora a produção na safra deste ano tenha ficado dentro das expectativas, dados da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) dão conta de que o endividamento dos pequenos produtores preocupa, pois a inadimplência de muitos municípios no Paraná já chega a 5%, o que pode levar ao corte do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

E as dívidas não são de hoje, pois elas vêm se acumulando desde 2005, quando uma série de problemas climáticos e o câmbio afetaram a produção. Em relação a este problema, o ministro Cassel disse que não há motivos para preocupação, e lembrou que o Pronaf no Paraná aumentou de R$ 1 bilhão de crédito para R$ 2 bilhões projetados para este ano, o que para ele é um grande avanço.

“Existe o endividamento, mas ele não está estreitando o crédito”, afirma. Em relação à safra deste ano que não foi toda contratada, o ministro comentou que é necessário, mesmo que haja dinheiro no banco no final das contas, como prevenção.

Durante a entrega da máquina número 6 mil da CNH, Cassel também comentou as mudanças no Código Florestal, que estão sendo criticadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Ele afirmou que o governo “vai conversar” muito sobre o assunto, e encontrar um “equilíbrio”. “O meio ambiente ficará sempre à frente, sem dúvida”, afirmou.

No Paraná, o programa Mais Alimentos (uma linha de crédito do Pronaf destinada a modernizar as unidades produtivas da agricultura familiar) já resulta em cerca de 12 mil contratos desde que foi implantado, em 2008. Somente no Banco do Brasil, um dos maiores financiadores, foram contratados cerca de 9.600 tratores.

No ano passado, em todo o país, de cada 100 tratores, 38 foram comercializados para o programa. Em termos de resultados, o ministro Cassel comentou que a mecanização no Mais Alimentos tinha como objetivo, quando foi implantado, aumentar a produção em 18 milhões de toneladas nestes três últimos anos. “Porém, somente no primeiro ano tivemos um aumento de 7,8 milhões de toneladas”, comemorou o ministro.

O presidente da CNH na América Latina, Valentino Rizzioli, disse que a mecanização não melhora apenas a vida dos produtores. “Nós não fechamos nossa fábrica no ano passado graças ao Plano Mais Alimentos, pois com ele nossa produção aumentou e tivemos que manter os empregos”, afirmou.

Desde que o programa iniciou, a CNH produziu 12 mil tratores, o que representa 35% da produção anual da fábrica. O agricultor Paulo Carneiro, de Piraí do Sul, contou que comprou sua segunda máquina, o que o ajudou muito na produção de milho. Ele tem cerca de 20 alqueires, mas já enxerga ainda mais longe. “Vou aumentar em sete alqueires e pagar em oito anos a máquina”, comemorou.

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