Curitiba

Discussão promovida pela Fiep pode ajudar desenvolvimento do carro elétrico no Brasil

A redução de emissões de poluentes aliada à maior mobilidade urbana são as principais vantagens que os carros elétricos oferecem. Mesmo que a realidade hoje ainda não incorpore a utilização deste tipo de veículo, algumas iniciativas pretendem colocar o assunto em foco e pensar em possibilidades de tornar o sonho possível.

O assunto é o tema central dos encontros mensais da Câmara Temática de Veículos Elétricos (CTVE), promovida pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), em Curitiba. A ideia é fomentar a discussão sobre esta tecnologia, servindo como plataforma para o desenvolvimento de projetos e busca de soluções nesta área.

“É um espaço para promover a interação entre empresas, universidades, centros de pesquisa e órgãos do governo para incentivar o desenvolvimento de novas tecnologias e ações no setor”, ressalta Marcelo Alves, economista da Coordenação de Desenvolvimento da Fiep, responsável pelo acompanhamento da cadeia automotiva e coordenador executivo da CTVE.

A cada reunião, é apresentada uma temática diferente. No primeiro encontro, a Itaipu Binacional, responsável pelo primeiro projeto deste tipo no Paraná, apresentou seu case. Desde 2004, quando firmou acordo de cooperação com a empresa suíça KWO, a Itaipu já produziu 54 carros, um caminhão e um ônibus movidos exclusivamente com energia elétrica e um ônibus híbrido, que funciona com energia elétrica e etanol.

Mesmo que já existam projetos de carros elétricos desenvolvidos por montadores e de maneira alternativa, a produção em larga escala ainda está longe de acontecer, aponta Alves. Para enfrentar esta situação, mais do que tecnologia, é preciso criar uma estrutura de mercado que viabilize a produção em larga escala.

O economista afirma que, entre as principais dificuldades, está a questão tributária. Hoje o carro elétrico tem IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) mais elevado do que os veículos comuns. “Enquanto os carros normais têm alíquotas em torno de 7%, que variam conforme a potência, os elétricos possuem alíquota de 25%”.

Outras barreiras que os carros elétricos enfrentam dizem respeito à falta de mão de obra, desenvolvimento tecnológico e aceitação do mercado. “As pessoas precisariam de uma mudança de comportamento em relação aos veículos. As baterias dos carros elétricos, por exemplo, demoram oito horas em média para carregar”.

Ele salienta, ainda, que as cidades precisariam de alterações estruturais para viabilizar a utilização deste tipo de veículo. “O Brasil ainda está engatinhando neste sentido, mas esta é uma grande oportunidade para a indústria automotiva pensar neste tema”.

Durante as próximas reuniões mensais da Câmara Temática, serão criados grupos de trabalho com o objetivo de estruturar soluções para problemas específicos que venham a surgir ao longo das discussões. Estes grupos vão propor, executar e monitorar projetos e ações dos participantes.