O Banco Central afirma, no Relatório Trimestral de Inflação, que no cenário interno a maior preocupação da autoridade monetária está na possibilidade de descompasso entre oferta e demanda que leve a pressões inflacionárias. "O Comitê avalia que o ritmo de expansão da demanda doméstica, que ainda não reflete a totalidade do estímulo monetário injetado na economia, coloca riscos não desprezíveis para a dinâmica inflacionária", diz o BC fazendo referência aos dados que mostram elevado nível de utilização da capacidade instalada e das vendas do varejo.
Além disso, o BC destaca o impacto dos impulsos fiscais esperados para este ano e para 2008. O relatório adiciona ainda ao cenário de demanda aquecida a procura, maior do que se previa pelas exportações brasileiras. "Nesse contexto, em linha com a avaliação do Copom feita em documentos anteriores, tornam-se crescentes as incertezas com relação à dinâmica futura da inflação, associadas à intensidade e às defasagens com que se opera o mecanismo de transmissão da política monetária, especialmente se consideraremos que são cumulativos os efeitos do processo de flexibilização em curso há dois anos". Por isso, o relatório destaca que o processo de elevação nas expectativas inflacionárias para 2007 e 2008 "deve se monitorado com bastante atenção", apesar delas permanecerem abaixo da meta de 4,5%.
O BC também considera importante acompanhar o movimento dos preços no atacado e suas possíveis repercussões no IPCA. "De qualquer forma, o impacto de variações dos preços por atacado sobre os preços ao consumidor dependerá essencialmente das condições prospectivas de oferta e demanda e das expectativas dos formadores de preços em relação à trajetória futura de inflação", diz o relatório do BC, destacando que aumentou a probabilidade de que pressões inflacionárias inicialmente localizadas apresentem riscos para a trajetória de inflação cheia, já que a demanda aquecida pode permitir repasses de alta dos preços do atacado para o consumidor.