Derrame de cheques sem fundos na praça

São Paulo –  No mês de julho, de cada mil cheques compensados em todo o País, 55 foram devolvidos, total 19,5% maior do que a quantidade registrada em julho do ano passado. Somente o Rio Grande do Norte registrou inadimplência negativa, segundo pesquisa realizada pela CheckOK, empresa nacional de verificação eletrônica da crédito. O estudo mostrou que a Paraíba apresentou o maior índice entre os 27 estados brasileiros (64,4%) e Pernambuco foi o único com aumento de apenas um dígito (9,1%).

O número de cheques devolvidos por sustação de janeiro a julho cresceu assustadoramente: 156% nos últimos seis anos, somente no Estado de São Paulo.

De acordo com o levantamento da CheckOK, dos 189,5 milhões de documentos compensados em julho, 10,5 milhões eram frios, ou seja, 55 em cada mil não tinham fundos. No mesmo mês de 2002, foram devolvidos 46 cheques em cada mil compensados. Na comparação com junho deste ano, quando 52 cheques em cada mil eram “borrachudos”, a inadimplência teve um aumento menor em julho: 6,1%.

Em São Paulo, estado com maior volume de cheques compensados – 84,740 milhões, que representa mais de 40% do total de 209,856 milhões trocados em todo o País -, de cada mil cheques compensados em julho 52 foram devolvidos por falta de fundos, de acordo com o levantamento da CheckOK. Esse total é 16,8% maior do que o registrado em julho de 2002, quando foram devolvidos 44 cheques em cada mil compensados. Em relação a junho deste ano, o índice de inadimplência foi menor (6,2%), com 49 devoluções para cada mil cheques depositados.

Todos os índices do levantamento realizado pela CheckOK têm como base o número de cheques devolvidos pela primeira e pela segunda vez, fornecido pelo Banco Central.

Apesar de o governo já ter iniciado a redução na taxa de juros, a economia no mês de julho continuou a demonstrar sérios sinais de desaquecimento no nível de atividade. As vendas apresentaram queda pelo sexto mês consecutivo, e o número de cheques trocados diminuiu 10% em comparação ao mesmo período de 2002.

Sem vender, as empresas buscam redução de custos, o que aumenta o desemprego e reduz o grau de confiança do consumidor de uma maneira geral. “Somente uma retomada do nível de atividade econômica pode reverter esse cenário. O governo ciente disso já reduziu a taxa Selic para 22% ao ano, paralelamente ao corte no compulsório. Essas medidas acabarão por injetar mais dinheiro na economia, e os benefícios serão percebidos ainda este ano”, afirma Alan Marinovic, analista financeiro da ABM Consulting.

Voltar ao topo