Depois da febre das compras agora é a febre das trocas

As lojas do centro de Curitiba continuam movimentadas, mas agora o principal motivo é a troca de presentes. A justificativa das trocas são diversas – tamanho inadequado, diferença quanto ao gosto de modelos e cores. Produtos como CDs ou livros, são trocados por uma questão de gosto. "É comum que as pessoas façam escolhas erradas", diz o gerente de uma loja de cds e instrumentos musicais, Joel Antônio Kroll. De acordo com ele, muitos presenteados já estão procurando a loja, a fim de trocar CDs que ganharam.

No caso de roupas e calçados, a troca é realizada principalmente por causa do tamanho. É o que atesta o gerente de uma loja de calçados do centro, Wilson Zibe. Ele diz que muitos têm procurado a loja para escolher um número mais apropriado. A gerente de uma loja de roupas femininas, Sônia Maria da Silva tem a mesma opinião de Zibe. "A gente vê que o principal motivo é a numeração". Ela disse que o grande movimento do primeiro dia útil após o Natal tem sido em parte por causa de pessoas que querem trocar mercadorias, "mas também porque tem chegado muitos turistas em Curitiba, que vêm comprar presentes e lembranças, ainda que um pouco atrasado".

Sônia diz que o movimento do estabelecimento em 2004 foi 8% menor que o do ano passado. "Para tentar atingir nossa meta de vendas, estamos inclusive antecipando a liquidação que costumamos fazer no início de janeiro".

As trocas também pode representar um bom momento para o comércio. Para o vice-presidente de serviços da Associação Comercial do Paraná (ACP), Élcio Ribeiro, os presenteados podem querer alterar seu produto por outro de maior valor, tendo de pagar a diferença. E ainda há aqueles que, ao entrar na loja, se encantam por uma mercadoria. Além de trocar o que ganhou, acrescentam mais alguns presentes na sacola.

Crescimento

As vendas neste final de ano foram 10%, em média, superiores em relação ao mesmo período do ano passado na Região Metropolitana de Curitiba, segundo a Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio/PR). O crescimento atingiu principalmente os setores de eletroeletrônicos e eletrodomésticos; móveis e decoração; concessionárias de veículos; e super e hipermercados. O desempenho das vendas de alguns produtos, porém, surpreenderam as expectativas. De acordo com o economista Vamberto Santana, assessor econômico da federação, os DVDs, aparelhos celulares, câmaras digitais e brinquedos (cujos valores variavam entre R$ 60 e R$ 70 por unidade) foram as grandes vedetes deste Natal. Os resultados do comércio tiveram a influência de três vetores principais: a melhoria do emprego, o aumento da renda média do trabalhador e a confiança em relação ao futuro econômico.

A Serasa é mais otimista. Segundo a entidade, em levantamento divulgado ontem, as vendas de Natal cresceram 16,1% sobre o mesmo período de 2003 em todo o País. No intervalo entre 13 a 24 de dezembro, as vendas à vista aumentaram 16% e as vendas a prazo tiveram incremento de 16,5%. Entre os dias 1.º e 24, diz o levantamento, as vendas totais cresceram 12% sobre o ano passado.

O desempenho poderia ser ainda melhor, segundo os técnicos da empresa, se parte da renda do consumidor não estivesse comprometida com os recentes reajustes das tarifas públicas e a elevação das taxas de juros no crédito pessoal.

Os shopping centers de todo o País também registraram um bom faturamento no comércio de final de ano. As vendas nestes locais aumentaram 15% em relação ao mesmo período de 2003. Este é o maior crescimento dos últimos oito anos. Os dados são do balanço divulgado ontem pela Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping Centers (Alshop). Em 2004, os shoppings constaram um aumento de 12% nas vendas na comparação com o ano passado. Este resultado também é o melhor desde 1996.

Ritmo das vendas começa a reduzir

Depois do Natal, o comércio sofre uma queda no ritmo das vendas. Isso acontece porque muitas pessoas possuem o dia 25 de dezembro como data limite para as compras. "O Natal serve de referência para a maioria das famílias, mas há casos de pessoas que esperam as liquidações que aparecem depois do Natal. Elas representam um aumento de 1% a 1,5%. Neste ano, dezembro poderá fechar com 11% ou 11,5% de crescimento", avalia o economista Vamberto Santana.

A renovação de estoques causa liquidações com preços bem acessíveis, inclusive abaixo do custo do lojista. Élcio Ribeiro, vice-presidente de serviços da ACP, afirma que as liquidações são programadas pelos comerciantes, que muitas vezes colocam produtos novos nestas promoções. "Os consumidores já sabem que existem estas liquidações, que geram bons resultados. Às vezes, as lojas colocam mercadorias novas com um preço muito bom. Como a maioria compra à vista, o lojista também paga a indústria à vista. Isso faz com que haja produtos recém-lançados com um ótimo preço. Os comerciantes programam as promoções apenas para alguns dias ou até mesmo por algumas horas", esclarece. Normalmente, os consumidores que aproveitam estas liquidações compram para eles mesmos.

Santana lembra que a compra e venda de mercadorias pode cair no período pós-Natal, mas o comércio de serviços continua apresentando um bom desempenho. "As pessoas viajam no final do ano, enchendo hotéis e restaurantes. E alguns aproveitam para fazer consertos a partir da chegada do dinheiro deste período. Há a disposição para arrumar o veículo, a casa ou outros imóveis", acredita Santana.

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