Crise provoca aumento do calote

São Paulo

(AE) – A inadimplência do consumidor fechou junho com um crescimento de 7% ante o mesmo período de 2001 e encerrou o primeiro semestre com alta de 7,8%. Entre as empresas, o calote recuou 0,6% no mês passado, ante junho de 2001, e cresceu 4,2% no primeiro semestre. Na média, a inadimplência de pessoas físicas e jurídicas aumentou 3% em junho e 5,2% no semestre, de acordo com estudo da Serasa, empresa especializada em informações e análises econômico-financeiras.

Na comparação semestral, a estatística não leva conta os títulos protestados em São Paulo porque uma legislação sobre custos de cartório, vigente no Estado desde maio de 2001, distorceu a base de comparação.

“A inadimplência da pessoa física puxou os indicadores”, observa o assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de Almeida. O economista aponta a queda na renda e o aumento do desemprego como fatores que fizeram crescer o calote. Além disso, com o reajuste das tarifas públicas, sobra menos renda disponível para o consumidor quitar as dívidas.

Almeida pondera, no entanto, que parte do aumento da inadimplência da pessoa física era esperada por causa da expansão no volume de crédito. De julho de 1994 e abril deste ano, os financiamentos para consumo cresceram 912%.

Recorde

“Não esperamos redução do calote”, diz Almeida. A expectativa é de que a inadimplência do consumidor continue elevada, com pequenas oscilações, especialmente devido ao fraco ritmo de atividade econômica. O assessor da Serasa ressalta que o quadro atual de inadimplência equipara-se ao de 1999, o ano da mudança do regime cambial, mas está muito distante do recorde atingido em 1995/1996.

Enquanto a inadimplência do consumidor segue em ritmo de alta, as empresas registram taxas de crescimento menor nos níveis de calote no primeiro semestre e até tiveram um ligeiro recuo em junho. Esse movimento, oposto ao da pessoa física, mostra, segundo Almeida, que as companhias estão já há algum tempo evitando assumir dívidas, especialmente as de curto prazo. Quando elas tomam crédito, são para prazos superiores a 12 meses.

De acordo com o assessor econômico da Serasa, a tendência é de que a inadimplência das companhias siga a trajetória de queda . “As empresas não deverão ter problemas de inadimplência”, prevê.

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