Crise política pode prejudicar economia

São Paulo (AE) – O economista Eduardo Giannetti da Fonseca, professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), acredita que a crise política pode prejudicar a economia porque ela ocorre quando a fase de recuperação cíclica da atividade já acabou e quando o governo não conseguiu preparar as condições necessárias para o crescimento sustentado. ?A crise política gera incerteza e não vai ajudar a recuperação do investimento privado?, disse o professor, lembrando que o resultado das contas nacionais do primeiro trimestre indicou uma forte queda dos investimentos. ?A crise vem no momento em que a fase simples da recuperação cíclica já passou. Agora, o enredo do crescimento vai depender de reformas importantes?, completou.

O economista admitiu que não esperava uma agenda positiva de reformas nesta fase final do governo Lula, mas que a turbulência política reforça sua inviabilidade. Para Giannetti da Fonseca, o governo Lula cometeu um erro de timing quando criou o crédito consignado em 2004. Esse instrumento de crédito deveria ter sido lançado neste ano, o que faria com que seus benefícios coincidissem com a campanha eleitoral e também com este momento de acomodação da atividade econômica.

Segundo ele, se isso tivesse sido feito, o crédito consignado também não teria dificultado a condução da política monetária, já que não estimularia o consumo num momento em que a autoridade monetária buscava conter a demanda interna.

Cauteloso em relação aos desdobramentos da crise, Giannetti da Fonseca atribuiu a forte reação do mercado anteontem a oscilações próprias do mercado financeiro, de caráter especulativo.

De acordo com o economista, as contas externas vão ajudar a reduzir o impacto da crise, à medida que a vulnerabilidade do País hoje é menor do que no passado, o que vai evitar uma eventual ?parada súbita? da economia.

O professor vê dois riscos a médio prazo em decorrência da crise. O primeiro seria uma paralisia do processo decisório do governo, que ficaria focado na solução da crise e preocupado com o processo decisório. O segundo risco é que o governo, pressionado pela crise e preocupado com a perspectiva de re-eleição em 2006, altere a condução da política econômica, dando ?uma guinada populista?. 

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