Crise no setor de crédito impõe cautela e Bovespa cai

O ambiente externo voltou a ficar pesado com notícias de que novos fundos de hedge (que investem em ativos variados) estão apresentando problemas de liquidez decorrentes da crise no mercado de hipotecas de alto risco norte-americano. O Ibovespa futuro chegou a cair mais de 1,5% logo na abertura mas saiu das mínimas e passou a reduzir o ritmo de perda, indicando que agosto pode ser um mês bem volátil nos negócios. Às 10h10, o Ibovespa à vista tinha baixa de 0,98%, aos 53.652 pontos.

Sinais de que a crise no mercado de crédito de alto risco pode estar se alastrando é o motivo do mau humor hoje. Na verdade uma continuação do clima negativo que se instalou ontem à tarde e resultou na virada dos mercados de ações nos Estados Unidos, que fecharam com baixas superiores a 1%. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) terminou a terça-feira em queda de 0,71%, após subir 2%. Ontem, a mudança de direção foi causada pelo alerta da American Home Mortgage Investment, empresa de financiamento habitacional, de que não está conseguindo atender às chamadas de margens de seus credores.

Bear

E ontem à noite, após o encerramento dos mercados, segundo informações divulgadas pelo Wall Street Journal, o Bear Stearns, que recentemente teve de fechar dois fundos que exibia problemas estaria registrando perdas em um terceiro fundo de hedge que investiu cerca de US$ 900 milhões em títulos hipotecários.

Para piorar, outra notícia assusta os investidores esta manhã. O banco australiano Macquarie alertou na madrugada que os investidores de dois fundos de alto rendimento, administrados pela Fortress Investments, registram perdas de até 25%. O Fortress é o terceiro administrador australiano de fundos a admitir dificuldades, indicando que a crise no mercado de crédito de alto risco norte-americano está se ampliando.

Com isso, as bolsas asiáticas fecharam em queda forte, reagindo às perdas de ontem em Nova York e ao noticiário relacionado ao mercado de crédito nos EUA. A Bolsa de Hong Kong caiu 3,1% e a de Xangai -3,8%. Tóquio cedeu 2,2%. As perdas se estendem à Europa, onde a Bolsa de Londres recuava 1,16%. Nos EUA, os índices futuros de ações diminuem as baixas.

A pesquisa ADP estimou em 40 mil o número de vagas abertas em julho na iniciativa privada nos EUA, bem abaixo das previsões de 100 mil postos. Faltam sair ainda o ISM do setor industrial de julho e os relatórios de estoques semanais de petróleo e derivados, estes últimos poderão ou não confirmar a expectativa de recuo nos estoques, que tem motivado a alta do petróleo.

Vale do Rio Doce

Na Bovespa, os holofotes estarão voltados para as ações da Vale do Rio Doce, que teve lucro recorde no segundo trimestre, de R$ 5,842 bilhões, em linha com as expectativas dos analistas. No semestre, o lucro foi de R$ 10,937 bilhões. A receita líquida, de R$ 17,809 bilhões no segundo trimestre, ficou apenas 1% maior do que a média de R$ 17,635 bilhões prevista. Já o Ebitda (ganho antes de juros, impostos, depreciação e amortização) superou as expectativas mais otimistas. A geração de caixa da companhia somou R$ 10,255 bilhões, acima da média das previsões de R$ 9 635 bilhões.

A Brasil Telecom, que também divulgou balanço ontem à noite, informou lucro de R$ 145,5 milhões no segundo trimestre, 54,78% maior que a média projetada por analistas.

A Bovespa divulgou nesta quarta-feira (1.º) a primeira prévia da carteira do Ibovespa que irá vigorar de setembro a dezembro deste ano. A novidade é a entrada das Lojas Americanas e da Gafisa no índice, elevando para 61 o número de papéis que compõem o Ibovespa.

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