Crise não muda política econômica

Arquivo / O Estado

Palocci: problemas no campo político
são resolvidos no campo político.

Brasília ( AG) – Um dia depois de lideranças de movimentos sociais de esquerda, como MST e CUT, terem ido ao Palácio do Planalto manifestar apoio ao presidente Lula e pedir mudanças nos rumos da economia, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, garantiu que a política econômica não mudará por causa da crise política. ?Jamais podemos tomar no campo econômico medidas que resolvam dificuldades em outros campos. Isso não funciona. Problemas do campo político se resolvem no campo político?, afirmou.

Palocci reiterou que o país tem instituições fortes e preparadas para enfrentar as dificuldades do momento e que é preciso manter o crescimento de longo prazo e a geração de empregos. ?É isso que conta para a vida das famílias?, afirmou o ministro, reiterando que o governo manterá a política de austeridade orçamentária. ?Para desenvolver anticorpos e músculos para enfrentar chuvas fortes, ventos uivantes e tormentos. É preciso criar saúde para enfrentar as diversidades do meio ambiente. Esse é um trabalho de prevenção. Aliás, é a minha especialidade?, disse o ministro, em alusão a sua formação de médico.

O ministro disse não acreditar que o atual modelo econômico esteja se exaurindo. ?O que permite discutir avanços é a consolidação do sucesso das metas fiscais estabelecidas.?

Palocci aproveitou também para reafirmar o compromisso da política econômica e afirmar que o compromisso fiscal de longo prazo tem surtido efeito no comportamento da dívida. ?Nós devemos perseverar no caminho que adotamos?, disse, acrescentando que o objetivo do governo é uma evolução saudável da dívida pública, para que atinja níveis mais confortáveis.

O ministro comentou a proposta do economista Delfim Netto, de metas de déficit nominal zero, afirmando que o debate é importante e que a sociedade deve formular uma proposta no longo prazo.

?Saúdo o debate no sentido de que a sociedade discuta e formule um compromisso fiscal de longo prazo para dar maior solidez ao equilíbrio econômico e maior segurança aos agentes econômicos. A discussão sobre déficit nominal é a prova da evolução positiva do nosso compromisso fiscal e do comportamento de nossa dívida. Isso permite à sociedade debater questões novas como essa?, disse.

Segundo ele, a ?blindagem? da política econômica existe porque a sociedade brasileira rejeitaria um governo que não desse atenção às dívidas, aos gastos e à inflação.

?A sociedade brasileira contestaria qualquer governo que dissesse que os gastos, a inflação e a dívida não têm importância, mesmo que tenha uma roupagem social?, disse Palocci, frisando que o governo não vai mexer na política econômica por causa de pressões. ?Não responderemos de forma espasmódica ou reativa às demandas que nós observamos?, acrescentou.

Sobre a reforma política, Palocci preferiu não comentar, alegando que não é sua área de atuação. Segundo ele, sua área preferida continua sendo a medicina, seguida pela economia, e só depois pela política.

CMN mantém TJLP em 9,7% e meta de inflação em 4,5%

Brasília ( AG) – O Conselho Monetário Nacional (CMN) manteve a taxa de juros de longo prazo (TJLP) em 9,75% ao ano para o próximo trimestre. As metas de inflação para 2005 e 2006 também foram mantidas em 4,5%, com intervalos de dois pontos percentuais. Além disso, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, anunciou que a meta para 2007 também foi estabelecida em 4,5%. Segundo ele, a meta é consistente com a trajetória de crescimento da economia.

O ministro da Fazenda afirmou também que uma meta de inflação mais elevada para 2007 poderia estimular mecanismos de realimentação inflacionária.

Palloci disse estar confiante de que a meta de 4,5%, com banda de dois pontos percentuais para cima ou para baixo, será cumprida em 2006 e se consolide em 2007. A partir daí, será possível trabalhar com metas mais ambiciosas de 4%, segundo o ministro.

Déficit da Previdência constrange orçamento

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, disse que a evolução do déficit da Previdência Social, que fechou em R$ 23 bilhões em 2003 e tem como previsão atingir R$ 40 bilhões este ano, constrange o orçamento da União e gera incentezas para os aposentados, que não têm garantia de que vão continuar recebendo o benefício.

?Essa evolução constrange o orçamento da União. No dia em que nós botarmos para baixo essa curva, vamos ter conseqüentemente avanços no campo social e econômico?, afirmou.

Segundo Palocci, todos os secretários do Ministério da Fazenda estão empenhados em dar apoio ao Ministério da Previdência para combater o déficit, muitas vezes gerado ?por comportamentos irregulares e procedimentos inadequados?.

?Esse, além do aperfeiçoamento do Bolsa Família, estão no debate do governo hoje, e não a evolução da DRU (Desvinculação das Receitas da União) e metas de déficit nominal?, afirmou.

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