Crescimento zero do PIB está fora de cogitação

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse nesta sexta-feira (27), em Curitiba, considerar “errada” a projeção da Confederação Nacional da Indústria (CNI) de que haverá crescimento zero do Produto Interno Bruto (PIB) este ano. “Tive uma conversa informal com o Henrique Meirelles (presidente do Banco Central) e falei para ele que o pessoal está com uma visão muito pessimista. Ele concordou e já brincou comigo: ‘Pode cravar que vai dar 2%'”, afirmou Bernardo. “Pode dar um pouco mais ou um pouco menos, mas pode cravar que crescimento zero é absolutamente fora de cogitações”, disse.

A CNI tinha feito uma previsão de crescimento de 2,4% em dezembro passado. Com a nova perspectiva, o País estaria em estagnação. “Tem parte muito grande dos analistas econômicos muito focada na Bolsa de Valores, que é balizada por Nova York, por Tóquio, por Londres, não é pela economia real”, argumentou o ministro do Planejamento. “Quando se olham os dados da economia, vê-se o crédito restabelecido, empregos que começam a ter reversão, os investimentos continuam e os investimentos externos no Brasil, em março, vão dar US$ 2,5 bilhões. O mundo inteiro retraindo e nós estamos atraindo investimentos externos.”

Ele apresentou ainda estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre o programa Minha Casa, Minha Vida. Segundo a entidade, a construção de 1 milhão de casas tem potencial para promover crescimento econômico de 0,7 ponto porcentual e de gerar 532 mil empregos. “De forma alguma trabalhamos com essa visão colocada aí (pela CNI)”, reafirmou. “O pessoal olha muito para fora.”

Em discurso no 9º Encontro das Empresas Conveniadas à Universidade Positivo, ele disse ter lido que o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), teria criticado o governo federal por estar combatendo a crise com doses homeopáticas. “Mas é um trabalho de cirurgia”, acentuou Bernardo. “Se for feito com facão, vai causar estragos ao paciente, por isso é melhor fazer com bisturi, devagarzinho.”

Créditos

O ministro disse que o governo federal está “apostando” que os bancos pequenos e médios realmente voltarão a emprestar dinheiro com as medidas adotadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para facilitar a captação de recursos. “Não podemos obrigar os bancos (a promover os empréstimos), nem o Banco do Brasil e a Caixa Econômica a gente consegue obrigar quanto mais os particulares”, afirmou.

Mas, segundo ele, todas as medidas visam a que o crédito seja concedido. “O banco vive para fazer operações financeiras, quem apostar que vai ficar encostado na Selic vai errar, pois a taxa Selic está diminuindo muito”, disse. “Só este ano diminuiu 2,5 pontos porcentuais e a tendência é o sistema apostar que tem que emprestar, que tem de tirar dinheiro nas operações de crédito com os clientes.”

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