Cresce o atraso em empréstimo agrícola

O índice de atraso no pagamento dos empréstimos agrícolas feitos pelo Banco do Brasil (BB) no segundo semestre do ano passado cresceu para cerca de 5% e atingiu um valor próximo a R$ 1 bilhão. ?Isto não é nada que nos tire o sono?, disse o vice-presidente de Agronegócios e Governo do BB, Ricardo Conceição, em entrevista concedida ontem. O percentual de atraso dessas operações, de acordo com o dirigente do BB, tem ficado historicamente entre 1,5% e 2,5%.

A maior parte dos atrasos, segundo Conceição, ficou concentrada nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. ?Os produtores desses estados tiveram problemas com a comercialização da safra?, disse. O principal problema, na visão do dirigente do BB, foi a queda dos preços das commodities mais negociadas no mercado internacional. ?É bom lembrar que os produtores desses estados pagam um custo mais alto no transporte de seus produtos. Com os preços em baixa, isto dificulta ainda mais a questão?, comentou.

As dificuldades encontradas pelo setor no ano passado, de acordo com Conceição, podem ser classificadas como conjunturais. ?Estamos longe de ter algo parecido com o que vivemos em 1995. Ali era crise mesmo?, disse. Uma prova disso, segundo ele, é o fato de o banco saber hoje que os produtores em atraso têm patrimônio suficiente para honrar seus compromissos no futuro. ?É que estamos atravessando um vale. Mas isto passa e vamos dar a volta por cima?, afirmou, ao lembrar que os produtores rurais ainda tiveram que enfrentar no ano passado o problema da seca na região Sul do País.

O vice-presidente do BB espera que 2006 seja um ano melhor para a agricultura que o ano passado. ?2005 foi um ano difícil para a agricultura?, afirmou. O otimismo de Conceição se baseia em uma previsão de melhora dos preços de commodities como a soja e o algodão. ?Não esperamos nenhuma explosão nos preços desses produtos. Mas, seguramente, haverá alguma melhora?, disse. O ambiente de queda dos juros e de depreciação do câmbio também deve colaborar com o setor de agronegócios neste ano, segundo o vice-presidente do BB. Ele, no entanto, mostrou-se preocupado com informações preliminares sobre problemas de seca na região Sul. ?Estamos acompanhado essas notícias?, disse.

Apesar de todos os problemas, o vice-presidente do BB enfatizou que o banco não deixou em nenhum momento de apoiar os produtores rurais. ?Não nos afastamos do setor. Pelo contrário, procuramos até resolver todos os problemas que apareceram?, disse. Prova disso, segundo Conceição, é que o banco já decidiu liberar mais R$ 2 bilhões para a agricultura neste primeiro mês de 2006. ?Não haverá nenhum problema de continuidade nas liberações com a virada do ano?, disse. Os recursos, segundo Conceição, serão direcionados para os agricultores do Nordeste e para financiar a compra de insumos usados na safra de inverno e na safrinha de milho.

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