Copom segue política e aumenta Selic

Pelo nono mês consecutivo, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou os juros básicos da economia. A chamada taxa Selic subiu de 19,50% para 19,75% ao ano, alta de 0,25 ponto percentual. Com uma inflação acumulada em 12 meses bem acima do objetivo do governo para o ano e os consecutivos aumentos na previsão de inflação para 2005 promovidos pelo mercado, o Banco Central decidiu manter o aperto na política monetária.

A taxa Selic serve de referência para os bancos calcularem os juros dos empréstimos cobrados dos clientes. Quando os juros sobem, o crédito para pessoas e empresas fica mais caro, com isso, a tendência é que o consumo desaqueça. Com consumo menor, a autoridade monetária consegue assegurar a estabilidade da moeda.

A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) no acumulado de 12 meses até fevereiro está em 8,07%. Bem acima do objetivo do BC para o ano, que é uma inflação de 5,1%.

Metas de inflação

O IPCA, calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é o indicador usado pelo governo para as metas de inflação, que neste ano é de 4,5%, com uma margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Isso significa que a inflação no período de 12 meses está acima inclusive do teto das metas de inflação, que é de 7%. Embora a meta seja de 4,5%, o BC anunciou em setembro do ano passado que irá perseguir uma inflação de 5,1%.

Já o mercado – de acordo com a pesquisa Focus divulgada semanalmente pelo BC -prevê que o ano irá encerrar com uma inflação de 6,39%, maior que a última previsão antes da reunião do mês passado, que era de 5,77%.

Essa decisão desagrada políticos, empresários e o Palácio do Planalto, que acreditam que o BC deveria encontrar outras formas de controlar a inflação.

Um dos riscos dessa política mais dura do BC é provocar uma desaceleração do crescimento da economia. No ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto) teve um crescimento de 5,2%, o maior desde 1994. A expansão da indústria foi de 8,3% – o melhor desempenho em 18 anos. Além disso, juros altos tornam ainda mais alta a dívida pública brasileira.

A autoridade monetária teme que a recuperação econômica cause reajustes nos preços por parte da indústria. Essa pressão pode ser maior se a indústria não for capaz de atender toda a demanda.

A justificativa para a decisão da reunião de ontem será conhecida no dia 27, quando será divulgada a ata da reunião.

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