Copom reduz Selic para 15,75% ao ano

Brasília (AE) – O Banco Central reduziu hoje a taxa de juros da economia brasileira, que voltou ao patamar de cinco anos atrás. O Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu, por unanimidade, cortar a taxa básica em 0,75 ponto percentual, para 15,75% ao ano, a mesma da reunião de março de 2001. A decisão foi unânime, sem viés.

O comunicado divulgado após a reunião foi o seguinte: ?Dando prosseguimento ao processo de flexibilização da política monetária, iniciada na reunião de setembro de 2005, o Copom decidiu por unanimidade reduzir a taxa Selic para 15,75%, sem viés, e acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até a sua próxima reunião para, então, decidir os próximos passos na sua estratégia de política monetária?.

Na reunião ocorrida em março, o Copom também havia reduzido a Selic em 0,75 ponto percentual. Mas, na ocasião, houve três votos pela redução da taxa Selic em 1 ponto. O comunicado também foi ligeiramente alterado: o trecho sobre ?acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até a sua próxima reunião para, então, decidir os próximos passos na sua estratégia de política monetária? não constava do comunicado anterior. A ata da reunião de ontem será divulgada às 8h30 de quinta-feira da próxima semana (27). A próxima reunião do Copom acontecerá nos dias 30 e 31 de maio.

Esse foi o sétimo corte consecutivo e o terceiro dessa magnitude. O primeiro corte, promovido em setembro do ano passado, foi de 0,25 ponto percentual. Os quatro seguintes foram de meio ponto. Neste ano, na reunião de janeiro, o Copom aumentou o corte para 0,75 ponto percentual e o mesmo aconteceu no encontro de março. Isso ocorreu porque as reuniões do colegiado deixaram de ser mensais e passaram a ocorrer a cada 45 dias, em média.

Com a decisão de ontem, a taxa de juros já caiu quatro pontos percentuais desde o início do processo de corte.

Peso

A mudança no comando do Ministério da Fazenda pode ter pesado para essa decisão mais conservadora. Antônio Palocci foi demitido no dia 27 de março e foi substituído por Guido Mantega, que quando era presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) criticava a condução da política monetária.

No entanto, de acordo com os dados mais recentes dos indicadores econômicos, não há sinais de que a inflação possa fugir do controle. Em março, o IPCA foi de 0,43%, contra 0,41% no mês anterior. Além disso, o índice que mede a utilização da capacidade instalada foi de 80,9%, contra 80,6% de janeiro.

Consumidor

O efeito dessa redução para o consumidor será pequeno, já que a diferença entre a taxa Selic e a taxa cobrada das pessoas físicas é muito grande. Segundo cálculos da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças), a taxa média das operações de crédito ao consumidor passará de 7,54% ao mês para 7,49% ao mês, ou de 139,24% ao ano para 137,91% ao ano.

Para Miguel José Ribeiro de Oliveira, economista da Anefac, a queda pode ser maior em alguns bancos, porque eles têm mais ?gordura? para queimar.

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