JUROS

Contra inflação, Copom aumenta taxa Selic para 11,75% ao ano

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (2) elevar a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, de 11,25% para 11,75% ao ano. Com isso, manteve o ritmo de alta do juro básico da economia iniciado em janeiro deste ano, quando a taxa já havia sido elevada em 0,50 ponto porcentual. Foi a segunda reunião do comitê sob o comando de Alexandre Tombini no Banco Central.

A decisão de hoje ficou dentro da previsão da maior parte dos analistas financeiros. De acordo com levantamento da Agência Estado, de 53 instituições financeiras consultadas, 47 esperavam uma alta de 0,50 ponto porcentual e seis projetavam elevação de 0,75 ponto.

O Banco Central anunciou desta forma a elevação da taxa: “dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 11,75% ao ano, sem viés”.

A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 19 e 20 de abril. A ata da reunião de hoje será divulgada pelo BC na quinta-feira da próxima semana, dia 10 de março.

Com o novo reajuste, a taxa básica de juros alcança o patamar mais alto desde janeiro de 2009, quando estava em 12,75% ao ano. O mercado financeiro aposta em novos aumentos da Selic no decorrer do ano e estima que a taxa feche 2011 em 12,50%.

Repúdio

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, classificou hoje (02) de um “crime contra o Brasil” a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa básica de juros. O dirigente da entidade alertou quanto ao risco da elevação dos juros pressionar o câmbio e “piorar o déficit comercial de setores da indústria de transformação”. [

“Tentam vender a ideia de que há risco de descontrole da inflação, como se houvesse escassez de bens de consumo ou como se a taxa de juros fosse um remédio eficaz para controlar os preços dos alimentos”, afirmou. “Será que o aumento da Selic é o antídoto adequado para segurar o preço do feijão, da batata, da carne ou das commodities?”, questionou.

Para Aubert Neto, não há na atualidade sinais de inflação de demanda no Brasil. “Você não tem fila para comprar nada. Não há aumento nos preços dos automóveis e das geladeiras. Os eletroeletrônicos estão com preço em queda”, afirmou.

Aubert sugeriu que, no lugar de elevar juros, o governo aperte o crédito via aumento dos compulsórios. “Outra medida é limitar o prazo de financiamentos de carros para 36 meses e com 30% de entrada, e o de eletroeletrônicos para 24 meses”, propõe.

Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, o aumento de 0,5 ponto percentual na taxa de juros é inadequado e desconsidera a tendência atual de evolução dos preços e da atividade econômica. “Há indicadores recentes que confirmam o desaquecimento da atividade, provocado por medidas de restrição ao crédito, pela valorização do câmbio e a elevação dos juros em janeiro”, disse Andrade.

Ele observou que a alta da inflação é resultado da elevação dos preços dos alimentos e das commodities no mercado internacional, que não é influenciado pela variação dos juros no Brasil. “Mas a alta dos juros tem  impacto negativo sobre os investimentos e a produção industrial”, alertou.

O presidente da CNI acrescentou que o corte no orçamento da União, definido nessa semana, dá maior coerência às políticas monetária e fiscal, e permitiria um ritmo menos intenso de elevação dos juros.

02/03/2011 20:31 – NG/EC/JUROS/COPOM/ABIMAQ

Abimaq: elevar a taxa de juros é “crime contra o Brasil”

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São Paulo, 02 (AE) – O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, classificou hoje (02) de um “crime contra o Brasil” a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa básica de juros. O Banco Central aumentou em 0,5 ponto porcentual a Selic, que passou de 11,25% para 11,75% ao ano. Em nota divulgada à imprensa, o dirigente da entidade alertou quanto ao risco da elevação dos juros pressionar o câmbio e “piorar o déficit comercial de setores da indústria de transformação”.

“Tentam vender a ideia de que há risco de descontrole da inflação, como se houvesse escassez de bens de consumo ou como se a taxa de juros fosse um remédio eficaz para controlar os preços dos alimentos”, afirmou. “Será que o aumento da Selic é o antídoto adequado para segurar o preço do feijão, da batata, da carne ou das commodities?”, questionou.

Para Aubert Neto, não há na atualidade sinais de inflação de demanda no Brasil. “Você não tem fila para comprar nada. Não há aumento nos preços dos automóveis e das geladeiras. Os eletroeletrônicos estão com preço em queda”, afirmou.

Aubert sugeriu que, no lugar de elevar juros, o governo aperte o crédito via aumento dos compulsórios. “Outra medida é limitar o prazo de financiamentos de carros para 36 meses e com 30% de entrada, e o de eletroeletrônicos para 24 meses”, propõe.