Cesta básica teve deflação em fevereiro

Depois de registrar uma queda histórica em janeiro (-7,78%), o custo da cesta básica em Curitiba também caiu em fevereiro. A variação mensal foi de – 2,42% graças à carne e à batata, que tiveram uma significativa baixa, 5,46% e 18,78% respectivamente. Dos 13 itens pesquisados, oito tiveram aumento, quatro tiveram queda e o leite permaneceu estável. Os dados foram divulgados ontem pelo Departamento Sindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese).

Curitiba acompanhou a tendência nacional de queda nos preços dos alimentos. Apenas Florianópolis, Natal e Recife, das 16 capitais pesquisadas, tiveram aumento: 1,08%, 4% e 0,99% respectivamente. A maior redução foi registrada em Belém, com 8,33%, e Curitiba ficou em 5.º lugar com -2,42%. Na capital paranaense a carne e a batata foram os produtos que mais pesaram para a composição do índice. Se não tivessem tido uma redução significativa, o custo da cesta básica teria apresentado um aumento de 1,07%.

O economista do Dieese, Sandro Silva, explica que isso aconteceu porque a carne tem um peso muito grande dentro da composição dos gastos com a alimentação. Uma família formada por dois adultos e duas crianças consome em média 6,6 kg, o que custa R$ 57,16 e representa quase 20% do salário mínimo e mais de 35% da cesta em fevereiro.

A queda no preço da carne é explicada devido ao aumento da oferta do produto, em conseqüência da queda nas exportações, e a redução do consumo porque muita gente ainda estava de férias em fevereiro. Além disso, o preço da carne no ano passado já estava bem elevado, de setembro a dezembro havia subido 15% mesmo com a suspeita da febre aftosa no Estado. ?Houve uma recuperação do preço anterior?, explicou Sandro. O economista também acha que o abate dos bois que começou no interior do Estado não vai afetar o preço porque os animais já estavam confinados anteriormente.

A batata também teve queda em todas as capitais pesquisadas. De outubro a janeiro o produto subiu 160% em Curitiba, de R$ 0,82 foi para R$ 2,13. Agora com o período forte da colheita a expectativa é que os valores caiam ainda mais.

Mas se de um modo geral o bolso do consumidor teve uma folga, na maioria das cidades alguns alimentos tiveram uma significativa alta. O açúcar, por exemplo, aumentou em todas as capitais, com destaque para Salvador (21,90%), Rio de Janeiro (17,12%), Aracaju (15,74%) e São Paulo (13,99%). Em Curitiba a alta foi de 10,71% e já soma 20,16 % se for considerado o mês de janeiro. Segundo Sandro, o aumento é reflexo do período de entressafra e o uso da cana-de-açúcar na produção de combustível. Para ele, o governo deveria adotar mecanismos para regular o setor.

Com a variação negativa de 10,01% acumulada este ano, Curitiba passa a ter a 8.ª cesta básica mais cara do País, sendo que historicamente não passava da 5.ª posição. Enquanto em São Paulo os produtos fecham em R$ 175,54 na capital paranaense totalizam R$ 159,21.

Uma boa notícia para os trabalhadores é o poder de compra do salário mínimo. Nos últimos anos os alimentos subiram menos que a inflação e o salário passou por vários aumentos reais. Hoje a cesta básica custa 53,73% do salário mínimo, sendo que em 1983 consumia 73,14% da renda. Segundo o Dieese, o salário mínimo necessário para o trabalhador deveria ser, em fevereiro, de R$ 1.474,71.

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