Cesta básica cai pelo terceiro mês seguido

O custo da cesta básica em Curitiba voltou a cair pelo terceiro mês consecutivo, encerrando agosto com deflação de 4,03%. Dos 13 itens que compõem a cesta, apenas três tiveram aumento de preço – o arroz, o feijão e o açúcar. Todos os demais registraram queda na comparação com julho. Com os dados de agosto, a cesta básica acumula no ano alta de 0,47% e, nos últimos 12 meses, queda de 8,90%. Os dados fazem parte da pesquisa divulgada ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR).

Em agosto, o item que registrou maior redução no preço foi a batata (-17,43%), com o preço médio do quilo passando de R$ 1,09 para R$ 0,90. Em maio, lembrou o economista Sandro Silva, do Dieese-PR, o quilo da batata chegou a custar R$ 2,17. A queda, segundo o economista, se deve ao atraso na safra do Paraná, que registrou o pico em julho e se estendeu até agosto, aumentando a oferta do produto. Houve ainda aumento da oferta por parte de outros estados, como Minas Gerais e São Paulo.

O tomate apresentou a segunda maior queda (-11,30%), por conta do período de safra. Para Sandro Silva, apesar da queda, o tomate continua em patamar elevado de preço. ?O preço médio do quilo em agosto era de R$ 1,57, enquanto no final do ano passado, R$ 1,00?, comparou. ?Há espaço para o preço cair ainda mais.?

Outro item que apresentou queda foi a banana (-9,35%). ?Houve um excesso de oferta em função da redução das exportações. Além disso, Santa Catarina (grande produtora de banana) deixou de enviar para o Nordeste, o que aumentou a oferta do produto no Sul?, apontou. Também o óleo de soja registrou redução no preço (-7,93%), por conta das quedas da cotação internacional e do dólar. Nos últimos dois meses, o preço do óleo de soja já caiu 11,7% em Curitiba.

Também por conta da variação cambial, da commodity e do período de safra, a farinha de trigo teve redução no preço (-5,29%). Outro item que também teve o preço reduzido foi a carne bovina, apesar do período de entressafra. ?Como não houve inverno rigoroso, houve favorecimento do preço tanto da carne como do leite?, explicou Silva. O leite, segundo a pesquisa, teve queda de 1,57% no preço. Também registraram redução o café (-3,20%), o pão (-1,45%) e a manteiga (-0,89%).

Em contrapartida, o tradicional ?arroz com feijão? ficou mais caro em agosto. A alta do arroz (7,80%), segundo o economista, se deve tanto à recuperação do preço como ao próprio mercado. Já o aumento do feijão (5,75%) se deve ao período de entressafra do feijão preto. A oferta do produto este ano também caiu. Também a alta do açúcar (5,26%) se deve ao fim da safra.

Sexta maior queda

Todas as 16 capitais pesquisadas pelo Dieese registraram queda na cesta básica em agosto. Curitiba teve a sexta maior redução e fechou o mês com a sexta cesta mais cara do País, a R$ 156,64.

No ano (janeiro a agosto), o item que mais subiu em Curitiba foi o tomate (30,83%). Já as maiores quedas ficaram por conta do óleo de soja (-18,69%), da batata (-15,09%) e do arroz (-13,64%).

Para o mês de setembro, a previsão é de estabilidade dos preços ou nova deflação. ?Vai depender do preço do tomate, que pode cair ainda mais, e da carne, que pode manter a queda ou reverter?, arrematou Sandro Silva.

Salário mínimo do trabalhador deveria ser de R$ 1.471,18

Conforme o Dieese, o salário mínimo em agosto deveria ser de R$ 1.471,18. O valor é levantado conforme determina a lei que estabeleceu o salário mínimo no País, que prevê o atendimento de necessidades básicas do trabalhador e sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social.

Quem ganha o salário mínimo vigente (R$ 300,00), precisou cumprir uma jornada de 114 horas e 52 minutos, em Curitiba, para adquirir os gêneros essenciais. Em julho, eram necessárias 119 horas e 41 minutos.

Em nível nacional, também houve redução: passou de 113 horas e 49 minutos para 110 horas.

A redução é muito mais expressiva quando se considera o tempo de trabalho necessário em agosto do ano passado: 145 horas e 30 minutos em Curitiba e 137 horas e 22 minutos na média das 16 capitais pesquisadas.

O mesmo resultado é obtido quando se compara o custo da cesta com o valor do salário mínimo líquido, isto é, após os descontos referentes à Previdência. Em agosto, a aquisição da cesta comprometia 54,14% dos vencimentos, na média das 16 capitais, enquanto em julho eram exigidos 56,02%. Em Curitiba, o comprometimento passou de 58,91% em julho para 56,54% em agosto. Há um ano, a mesma compra necessitava 67,61% dos ganhos de quem recebia salário mínimo (na média das 16 capitais) e 71,61% em Curitiba. (LS)

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