Cesta básica acumula alta de 3,17% no ano

O tradicional ?cafezinho? pesou no bolso do curitibano em fevereiro. Com aumento de 26,15%, foi o item que mais subiu na cesta básica da capital paranaense, seguido pela batata e pelo tomate. O resultado foi o aumento de 1,77% no custo dos alimentos no mês passado – a segunda alta consecutiva. Com isso, a cesta básica acumula elevação tanto no ano (janeiro e fevereiro), de 3,17%, quanto nos últimos 12 meses (8,85%).

Conforme divulgação feita ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), dos 13 itens que compõem a cesta básica de Curitiba, seis registraram aumento; seis, queda, e um item permaneceu estável. Em período de entressafra, o café foi o produto que mais pressionou o orçamento familiar, com alta de 26,15% – o preço médio do quilo passou de R$ 8,74 em janeiro para R$ 11,01 em fevereiro.

De acordo com o economista Sandro Silva, do Dieese-PR, a alta do preço do café foi generalizada: 13 das 16 capitais pesquisadas pela entidade registraram aumento, sendo que a maior variação foi verificada em Curitiba. ?O novo preço não deve se sustentar neste patamar. Em Curitiba, o café subiu muito mais do que em outras capitais?, apontou. Ainda segundo o economista, a alta foi verificada no varejo e não para o produtor. ?Para o produtor, a alta foi de 6% a 7%.?

Outro item que pressionou a cesta básica foi a batata, com o preço médio do quilo passando de R$ 0,76 para R$ 0,95 – ou seja, alta de 25%. ?A safra está chegando ao fim. Além disso, houve aumento da demanda com o final das férias?, comentou. Apesar da alta, Silva lembrou que o quilo da batata está custando menos do que em fevereiro do ano passado (R$ 1,73) e igual mês de 2005 (R$ 1,57).

O tomate, considerado normalmente o ?vilão? da cesta em Curitiba, ficou 13,59% mais caro em fevereiro, com o preço médio do quilo passando de R$ 2,06 para R$ 2,34. Ao contrário da batata, o preço do tomate é um dos mais altos nos últimos anos. Em fevereiro do ano passado, o quilo do produto custava R$ 1,00, em média, em Curitiba. O aumento do preço, segundo o economista, deve-se ao excesso de chuva na região Sudeste, importante produtora de tomate. Caso os preços dos três produtos – café, batata e tomate – tivessem permanecido estáveis, ao invés de alta, a cesta básica de Curitiba teria registrado queda de 1,19%.

Outros produtos que ficaram mais caros em fevereiro foram arroz (alta de 3,13%), pão (1,44%) e óleo de soja (0,41%). Na outra ponta, tiveram queda de preços o leite (-12,90%) – depois da alta de 12,73% em janeiro, o que demonstra um realinhamento de preço -, a farinha de trigo (-4,13%), a banana (-1,59%), a carne (-1,46%), a manteiga (-0,92%) e o açúcar (-0,68%). Já o preço do feijão permaneceu o mesmo em fevereiro, na comparação com janeiro: R$ 1,89 o quilo, em média.

R$ 173,30

Em fevereiro, o custo de alimentos em Curitiba ficou em R$ 173,30 – o sexto maior do País. São Paulo registrou a cesta básica mais cara (R$ 185,96) e João Pessoa a mais barata (R$ 141,54). Quanto à variação, Curitiba apresentou o nono maior aumento, entre 16 capitais pesquisadas. A maior variação foi verificada em Fortaleza (11,51%) e três capitais registraram queda: Florianópolis (-0,09%), Aracaju (-0,76%) e Porto Alegre (-0,81%).

No acumulado do ano (janeiro e fevereiro), 15 capitais apresentaram aumento no preço dos alimentos, com destaque para Recife (12,70%). A única capital com queda foi Porto Alegre (-0,74%). Já no acumulado dos 12 meses, as 16 capitais tiveram aumento nos preços dos alimentos.

Mínimo deveria ser de R$ 1.562,25

O levantamento divulgado ontem pelo Dieese mostra que o salário mínimo deveria ser de R$ 1.562,25 no mês passado, para suprir as necessidades básicas do trabalhador e da família. Para chegar a este valor, o instituto se baseou na Pesquisa Nacional da Cesta Básica de fevereiro, realizada pela instituição em 16 capitais do Brasil.

Com base no maior valor apurado para a cesta, de R$ 185,96, em São Paulo, e levando em consideração o preceito constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para garantir as despesas familiares com alimentação, moradia, saúde, transportes, educação, vestuário, higiene, lazer e previdência, o Dieese calculou que o mínimo deveria ser 4,46 vezes maior que o piso vigente, de R$ 350. Em janeiro, o total necessário ficava em R$ 1.565,61 (4,47 vezes).

Segundo o Dieese, considerando-se a média simples da jornada de trabalho necessária, nas 16 capitais, para a compra da cesta básica, verificou-se que o trabalhador que ganha salário mínimo necessitou cumprir 102 horas e 37 minutos, em fevereiro. Em janeiro, a mesma aquisição comprometia 99 horas e 58 minutos.

A instituição destacou que procedimento semelhante foi verificado quando comparando o custo médio da cesta com o salário mínimo líquido – após a dedução da parcela referente à Previdência Social. Neste caso, verificou-se que, em fevereiro, a proporção correspondia a 50,51%, contra 49,21%, em janeiro.

Produtos de higiene e limpeza tiveram ligeira queda

Ao contrário dos alimentos, produtos de higiene tiveram queda de 0,56% nos preços em Curitiba no mês passado, segundo pesquisa divulgada pelo Dieese, em parceria com a Federação dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação do Paraná (Feaconspar). Já os materiais de limpeza ficaram 0,57% mais caros, resultando em queda de 0,10% no grupo higiene e limpeza.

Entre os produtos de higiene, houve queda de 3,41% no preço do sabonete, de 5,01% no creme dental e de 5,59% no absorvente. Por outro lado, o bronzeador ficou 11,34%, em média, mais caro, assim como o condicionador (alta de 2,50%). Já entre os produtos de limpeza, houve aumento no preço do sabão em pó (2,01%), do sabão em barra (2,73%) e do amaciante (5,76%). As quedas ficaram por conta da esponja de louça (-10,51%) e do detergente líquido (-1,44%).

Além da variação de preços entre um mês e outro, o Dieese e a Feaconspar pesquisam a diferença entre o maior e o menor valor de um mesmo produto em estabelecimentos diferentes – ao todos são 16 supermercados pesquisados. Nesse caso, o balde de oito litros é o item com maior diferença de preço: 463,29%, com valores variando entre R$ 1,58 e R$ 8,90. Em seguida vêm a esponja de louça (entre R$ 1,60 e R$ 2,90, ou seja, diferença de 81,25%) e o limpa-vidros (entre R$ 2,48 e R$ 4,49, diferença de 81,05%).

No setor de higiene, o bronzeador varia entre R$ 8,90 e R$ 23,90 – diferença de 168,54% -, e o absorvente entre R$ 1,88 e R$ 3,65 (94,15% de diferença entre o menor e o maior valor). ?As pessoas acabam não pesquisando muito para comprar estes produtos, o que é um erro. Em Curitiba, aproximadamente 5% do orçamento familiar vai para compra de produtos de higiene e limpeza?, destacou o economista Sandro Silva, do Dieese-PR. Os itens pesquisados – como sabonete, esponja de louça, sabão em pó – são sempre das mesmas marcas. (LS)

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