Cenário otimista para 2006

Nem a crise política nem os problemas relacionados ao agronegócio – incluindo a seca que atingiu a região Sul no início do ano e mais recentemente os focos de febre aftosa – estão tirando o ânimo dos empresários brasileiros. Essa é uma das principais conclusões do economista-chefe do Banco Bradesco, Octavio de Barros, que esteve ontem em Curitiba ministrando palestra para clientes do banco.

?Otimismo envergonhado marca o momento atual e aponta para um 2006 melhor? foi o título da palestra ministrada pelo economista. ?Otimismo envergonhado é um fenômeno observado no relacionamento com as empresas clientes do Bradesco. A questão é que acaba se tornando quase incorreto exibir otimismo num momento quando o País passa por dificuldades?, comentou o economista.

Segundo ele, apesar de todos os fatores negativos, as empresas estão com visão construtiva e fazendo planos. ?Pela primeira vez tenho a impressão, na história recente do Brasil, de que estão vendo os episódios políticos bastante desconectados da decisão empresarial?, comentou Barros. Para ele, o otimismo quase geral é decorrente do comércio que vai bem, do salário real que vem aumentando, da massa salarial crescendo. ?É um ambiente bastante propício para setores voltados para o mercado doméstico?, afirmou, acrescentando que o combate à inflação teve papel preponderante.

Barros ponderou, porém, que o otimismo não é partilhado por todos, mas por grande maioria da classe empresarial. ?Estamos com alguns setores particularmente incomodados com o tema do câmbio, do agronegócio – especialmente por esta questão da aftosa e da seca no Sul -, a ausência de investimentos na área de infra-estrutura. Mas, apesar de tudo isso, as empresas seguem otimistas com o seu próprio negócio.?

Para Barros, ?2005 deve terminar com crescimento em torno de 3,5%, enquanto em 2006 nossa expectativa é de crescimento de 4%. Eu diria que é um bom número, e a explicação vem de setores de bens duráveis e não-duráveis?.

?O Banco Central está sabendo fazer um trabalho excepcional e a sociedade ainda vai reconhecer isso?, disse. Barros aposta que a Selic termine o ano em 18% e 2006 em 15%.

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