Carta de Meirelles explica “estouro” da inflação

Brasília

– O Banco Central continuará, ao longo deste ano, a administrar a política monetária “de forma consistente com o regime de metas para a inflação”, que prevê Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5,5% no acumulado janeiro-dezembro. É o que enfatiza o presidente do BC, Henrique Meirelles, em carta aberta enviada anteontem ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

No documento, Meirelles justifica o descumprimento da meta de 8,5% para a inflação do ano passado, que ultrapassou o limite em 0,8 ponto percentual, com a inflação anual marcando 9,3%. Embora dentro do “limite de tolerância” de 2,5% para mais ou para menos, foi o terceiro ano seguido em que as políticas econômicas não conseguiram “domar” os preços de mercado.

Meirelles lembra na carta (divulgada ontem cedo pela Assessoria de Imprensa do BC) que havia, nos primeiros meses de 2003, um processo de “persistência inflacionária”, em virtude da “deterioração das expectativas” observada no último trimestre de 2002. As incertezas sobre a condução futura da política monetária geraram grau de inércia favorável ao aumento da inflação.

Aliado a isso, o presidente do BC revela que os preços administrados por contrato e monitorados exerceram mais pressão inflacionária que os preços livres. Principalmente pelas correções de preços de transporte coletivo, energia elétrica e telefone. Os preços administrados aumentaram 13,20%, enquanto o crescimento dos preços livres foi de 7,79%, de acordo com a carta de Meirelles.

Embora os preços administrados tenham menor peso na composição final do IPCA, eles participaram com 3,76 pontos percentuais (40,43%) da inflação de 9,3%. Historicamente, essa participação tem sido em torno de 28%.

Viagem ao Peru

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, embarcou ontem pela manhã, a partir do Aeroporto de Guarulhos, para Lima, no Peru. Ele participará de dois seminários promovidos naquele país: “Integração financeira, monetária e bancária entre Mercosul e Comunidade Andina” e “Política Monetária – Comunidade Andina e Mercosul”.

Após o evento, Meirelles permanecerá no Peru, descansando, segundo informou o assessor especial do BC, João Batista Magalhães. Meirelles deve retornar ao trabalho no dia 1.º de março, uma segunda-feira. Na ausência de Meirelles, quem ocupa a presidência do BC é o diretor de Política Econômica da instituição, Afonso Bevilaqua.

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